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Prefeitura do Rio inicia busca ativa por quem não tomou vacina da poliomielite

160 mil crianças de 1 a 4 anos ainda não receberam a dose do imunizante no município do Rio.

Felipe de Moura*

Criança se reforçando contra a poliomielite Marcelo Camargo/Agência Brasil
Criança se reforçando contra a poliomielite
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Oito mil profissionais de saúde da Prefeitura do Rio começaram uma busca ativa a crianças que ainda não se vacinaram contra a poliomielite. Atualmente, o Rio tem 160 mil meninos e meninas de 1 a 4 anos de idade que ainda não receberam a dose do imunizante que previne a paralisia infantil.

Até o momento, 140 mil crianças dessa faixa etária foram vacinadas, atingindo apenas 46,6% do considerado ideal, que seria imunizar 300 mil crianças. A busca ativa será feita através de contatos com os responsáveis das crianças por mensagens de WhatsApp, ligações telefônicas e até mesmo visitas em casa.

“A gente pede para os pais procurarem uma unidade de saúde o quanto antes e levarem os seus filhos para se vacinar. A reintrodução de uma doença como a poliomielite pode causar muitos danos para a cidade do Rio de Janeiro e para o Brasil. É muito importante a atitude responsável dos pais e familiares de procurarem uma unidade de saúde para atualizar a caderneta vacinal da criança”, disse Daniel Soranz, secretário municipal de saúde do Rio.

O esquema vacinal da pólio é composto por doses aos dois, quatro e seis meses de idade, e mais uma gotinha aos 15 meses e depois outra aos 4 anos.

Além da campanha da pólio, a Secretaria Municipal de Saúde pede aos responsáveis também sobre todas as outras vacinas. As crianças podem ser imunizadas em qualquer uma das 236 clínicas da família e centros municipais de saúde. As unidades estão abertas para a vacinação de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados das 8h às 12h.

“É uma irresponsabilidade a gente não trazer as crianças para tomar a vacina. A paralisia é uma coisa muito séria. Ela é a coisa mais importante da minha vida. Eu sou muito responsável porque é minha filha, meu tesouro. Ela está em dia com tudo”, disse Alexandra Romero, mãe de Sofia Romero, que levou a filha de três anos para receber a dose do imunizante nesta segunda-feira (17), no Centro Municipal de Saúde Pindaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea, na Zona Sul.

No Brasil, o percentual de cobertura vacinal da doença vem despencando desde 2018 quando, o percentual foi de 98%. No ano seguinte, em 2019, diminuiu para 78%. Em 2020, 74%, e 71% em 2021.

“É uma lástima que a cobertura vacinal esteja tão baixa e que as pessoas não tenham aderido à campanha, mas ainda há tempo. Os responsáveis pelas crianças certamente não estão informados, ou avaliando, que não vacinar o seu filho pode representar o risco de morte dele ou o risco de ficar retido numa cadeira de rodas”, disse Tânia Vergara, infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

O último caso de paralisia infantil registrado no Brasil tinha sido há mais de 30 anos. Porém, o estado do Pará confirmou um caso da poliomielite no início do mês de outubro. A doença contagiosa é causada pelo Poliovírus, podendo causar paralisias musculares, principalmente nos membros inferiores, em casos mais graves.

A continuidade da vacinação em massa é fundamental para que a doença não volte a circular no país e no estado do Rio.

“Todas as iniciativas para que atinjamos a meta de cobertura vacinal necessária são de suma importância. A cobertura vacinal baixa favorece e propicia a entrada de doenças como sarampo e a poliomielite, que eram erradicadas no nosso país. Por causa dessa baixa cobertura, essas doenças estão retornando. São doenças graves, muitas vezes letais. Vacinar é um ato de amor. Levem seus filhos para vacinar. Que pai gostaria de carregar consigo o remorso de colocar seu filho sob um risco de tal magnitude, sabendo que vaciná-lo o teria protegido?”, questiona Tânia Vergara.

*Sob supervisão de Natashi Franco