Denúncias de ex-funcionários apontam que carros rebocados pela "Rainha do Reboque" deixavam o pátio pela porta da frente, sem registro durante leilões da Rebocar. De acordo com fontes obtidas pela TV Band Rio, veículos arrematados eram separados em meio à cerimônia e levados embora do local, sem vistoria e conhecimento dos compradores.
Nos leilões, os carros eram separados com base numa planilha que indicava marca, o modelo, a cor, a placa e o chassi. Mas logo após o fim do leilão, muitos veículos eram marcados e retirados do pátio sem que ninguém soubesse para onde. Relatos apontam ainda que amigos de Priscila Santos visitavam constantemente o pátio de Deodoro, na Zona Oeste do Rio, e separavam veículos antes mesmo que o leilão acontecesse.
"Quando a gente estava fazendo a separação, geralmente chegava uma ordem da empresa, do responsável, do funcionário do leilão informando "olha, retira tal veículo (e falava) a placa, marca e modelo, e isso daí não vai para leilão." Mandavam separar o veículo e deixar separado porque eles não iam mais para leilão", explica um funcionário que não quis se identificar, que ressaltou que os mesmos carros saíam do pátio sem qualquer ordem de liberação.
Priscila Santos, conhecida como Rainha dos Reboques, ficou conhecida nas redes sociais com uma rotina de luxo e dicas de negócio para os mais de 400 mil seguidores numa de suas contas que é até verificada. Segundo o delegado Alan Luxardo, responsável pelo caso, essa ostentação deve ser explicada.
"Essa ostentação é claro que tem ser explicada. A partir do momento que há uma série de não pagamentos, de histórias de fraudes noticiadas, e esse lado paralelo e esse mundo paralelo de ostentação, acredito que beneficiar (Priscila) não vai", declarou ele.
O contrato da Rebocar de R$25 milhões com o Departamento de Transportes do Rio (Detro-RJ), foi rompido em 14 dezembro de 2021, por conta de uma dívida de R$ 5 milhões e 800 mil pela falta de repasse de valores recebidos com os veículos rebocados e leiloados. A assinatura desse convênio foi publicada em Diário Oficial em 21 de janeiro de 2019. Com o fim do contrato, funcionários foram demitidos e afirmam que saíram sem nada.
"Aqui ela não pagou nada, não pagou ninguém, não pagou o pátio que ela utilizou, não pagou nem sequer o serviço de impressora que a empresa utilizava. Ficou tudo devendo e desapareceu do mapa", conta um outro funcionário.
Procurada, a empresária não quis gravar entrevista e publicou uma nota dizendo que está em contato com o Governo do Rio para honrar as obrigações contratuais.
Em nota, o Detro-RJ afirma que "a gestão atual não participou da licitação que culminou na contratação da empresa" e que "tampouco do procedimento que resultou na rescisão do contrato" em dezembro do ano passado. Ainda de acordo com o departamento, o contrato foi suspenso por conta da falta de "prestação de contas, retenção de valores que pertencem ao Detro, além da ausência de documentos que comprovassem a regularidade da Rebocar junto ao Ministério do Trabalho".