A chacina de Vigário Geral completa 30 anos nesta terça-feira (29). Várias homenagens marcaram as três décadas da tragédia, entre elas a inauguração de um monumento para as 21 pessoas mortas no massacre, na Praça Catolé do Rocha.
Os nomes e as profissões das vítimas, que não apresentavam nenhum antecedente criminal, foram colocados em uma placa.
Há 30 anos, cerca de 50 homens encapuzados entraram na comunidade de Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, atirando em diversos moradores da região.
Um dos sobreviventes da tragédia, que preferiu não se identificar, lembra que os moradores afirmaram aos criminosos que eram apenas trabalhadores.
“Como só tinha trabalhador no bairro, a gente sempre estava lá quando a polícia chegava. Uma voz lá de fora começou a xingar, dizendo que não tinha nada de trabalhador. Dois policiais saíram e jogaram uma bomba, começaram a atirar. Caí no chão, já baleado, e o meu parceiro, já baleado, tropeçou e caiu por cima de mim. Foi minha salvação”, conta.
Vera Lúcia Santos perdeu praticamente toda a família na tragédia: o pai, a mãe, seus cinco irmãos e a cunhada.
“A gente vive o dia a dia, mas quando chega no dia do acontecido, sabe? É muito triste. É um sentimento muito ruim”, lamenta.
Segundo as investigações, o crime foi cometido um grupo de matadores composto por policiais militares, que buscavam vingar quatro PMs que haviam sido mortos no dia anterior.
Foram 52 policiais denunciados pelo massacre, mas apenas sete condenados, dos quais três foram absolvidos em outros julgamentos, dois receberam liberdade condicional e outros dois assassinados antes de cumprirem a pena. Hoje, ninguém está preso.
“Eu pensava que depois dessa chacina, iam parar de matar, de fazerem chacinas. Mas continuam, né? Infelizmente”, conclui Vera.
- *Sob supervisão de Christiano Pinho.