O cilindro de gás do carro que explodiu e matou um homem em um posto de gasolina em São Francisco Xavier, na Zona Norte do Rio de Janeiro, era de um veículo roubado. Segundo o presidente Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios, Celso Mattos, o motorista não poderia estar transitando com o veículo. O sindicato representa o setor automotivo, como mecânicas, instaladoras de GNV e retíficas.
Mário Magalhães Penha, de 67 anos, morreu na madrugada desta quarta-feira (27) no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte. Ele já havia amputado um braço e uma perna, mas não resistiu aos ferimentos.
“Esse cilindro não era desse carro, estava registrado em outro carro dado como roubado, ou seja, estava irregular. O cilindro que explodiu não é o mesmo que consta no documento do veículo. Então a gente chega à conclusão que trata-se de um cilindro roubado, a aparência do cilindro pelo que podemos observar, foi sim de um veículo roubado”, disse Celso Mattos, presidente Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios.
De acordo com a Associação de Organismos de Inspeção Veicular, o cilindro que explodiu não era o mesmo que foi verificado durante a inspeção feita em agosto de 2021. A verificação demonstrou que o cilindro antigo deveria ter sido requalificado em janeiro de 2022. Mas o novo equipamento foi reprovado no dia 14 de julho, numa vistoria.
Em seguida, no dia 21 de julho, o cliente comprou um cilindro de outra marca para substituir o equipamento reprovado. Depois da substituição o carro não foi mais inspecionado e continuou circulando.
De acordo com Celso Mattos, Mário não poderia estar andando com o carro “de forma alguma”.
“Ele não poderia estar andando, de forma alguma. Provavelmente ele nem sabia que estava colocando um cilindro roubado no carro dele e ele tem aquele prazo para fazer a outra vistoria e ele não fez. Deveria ter feito de imediato e não fez”.
Relembre o caso
Mário estacionou o carro para abastecer com o combustível GNV em um posto de gasolina da Rua Vinte e Quatro de Maio e, assim que abriu o porta-malas, para ter acesso ao cilindro, o veículo explodiu. O homem foi arremessado para trás pela força do impacto.
A esposa de Mário, identificada como Andréa, que acompanhava o homem no posto e também estava perto do veículo, foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar, mas já teve alta.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que as investigações sobre as causas da explosão estão em andamento.
Rio tem 1,6 milhão de veículos movidos a GNV
O estado do Rio de Janeiro possui a maior frota de veículos movidos a gás natural veicular no país. São 1,6 milhão de veículos movidos a GNV no estado Fluminense. No país, pelo segundo ano consecutivo desde o início da pandemia, o número de conversões de automóveis para GNV Natural cresceu 74,17% no primeiro semestre na comparação com os dados de 2020. Ao todo, foram quase 70 mil adaptações nos primeiros seis meses deste ano.
“O GNV é um combustível muito seguro, eu falo até que é mais seguro que os outros combustíveis. Só que quando acontece um acidente desses acaba sendo grave, só que em nenhum um momento foram ocasionados por instalações feitas de formas legais”, alertou Celso Mattos.
Os veículos aprovados em inspeção recebem o Selo do Inmetro, que deve ser exigido pelos frentistas no ato de abastecimento dos automóveis movidos a GNV, sendo que o posto que não o exige comete crime de responsabilidade, risco de perda do seguro em caso de acidente, além de possíveis ações trabalhistas de funcionários afetados por acidentes.
“A inspeção de segurança veicular deve ser realizada imediatamente após a instalação do sistema GNV e devidamente registrada no Detran. Depois disso, os proprietários dos automóveis devem realizar inspeções anualmente, para garantir que continuam a ter as devidas condições de segurança no trânsito”, comentou Aquiles Pisanelli, presidente da Associação Nacional dos Organismos de Inspeção.
*Sob supervisão de Natashi Franco