Transporte ilegal, venda superfaturada de gás, empresas de telefone e água. Essas são algumas formas que a milícia encontrou ao longo dos anos para rentabilizar negócios. Mas um dos meios mais lucrativos desses criminosos, vem prejudicando a natureza: a construção de imóveis irregulares.
Um estudo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, aponta que em três anos, a narcomilícia desmatou cerca de 497 hectares na Zona Oeste do Rio. O equivalente a dois bairros do tamanho da Urca, na Zona Sul do Rio. Os locais mais afetados foram Campo Grande, com desmatamento de 116 hectares, Guaratiba, com 66, seguido por Santa Cruz, com 51.
Uma força-tarefa foi criada na semana passada, dentro do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), para ajudar no combate às milícias no Rio de Janeiro, na busca por asfixiar toda forma de renda desses grupos paramilitares e freiar a expansão das construções irregulares.
"A gente sabe que hoje é uma das atividades que confere mais rentabilidade para as milícias. Está aí a importância de unir esforços das autoridades de diversas esferas para combater essa prática criminosa. Depois que a construção está pronta, depois que existem moradores, a situação fica mais complicada", afirma o promotor do Gaeco Bruno Gangoni.
Regiões que antes eram cercadas de verde, hoje estão aterradas. Sem autorização ou regulamentação das obras, as construções podem apresentar ainda riscos de desabamento, como aconteceu na Muzema, em abril de 2019, e em Rio das Pedras, em junho deste ano.
O Ministério Público (MP) pede a cooperação da população. Denúncias de construções irregulares podem ser feitas também através do canal 1746 da Prefeitura do Rio ou direto ao MP.