Empresários são presos acusados de lavar dinheiro da milícia

Entre os envolvidos estão os donos da empresa que construiu prédio que desabou

Rafaella Balieiro (sob supervisão de Natashi Franco)

Empresas investigadas estão entre as envolvidas na lavagem de dinheiro Divulgação/ Polícia Civil
Empresas investigadas estão entre as envolvidas na lavagem de dinheiro
Divulgação/ Polícia Civil

Quinze pessoas são investigadas por lavar dinheiro para grupos paramilitares que atuam na Zona Oeste do Rio. A operação "Blood Money", em tradução livre, "dinheiro sangrento", ainda apontou o envolvimento do casal responsável pela construção do prédio que desabou na Muzema, em 2019, com o grupo miliciano.

Os agentes encontraram indícios de que os suspeitos estavam lavando dinheiro através do investimento em bitcoins. A quantia avaliada nos contratos de criptmoedas gira em torno dos R$ 2 milhões. A alta movimentação financeira no último ano chamou atenção da Polícia, o valor chegou perto dos R$8,5 milhões.

Além do investimento em bitcoins, o grupo também fez a compra de jóias, imóveis e pequenas transferências para tentar ocultar a origem do dinheiro. Foram 63 mandados de busca e apreensão, em oito empresas envolvidas no esquema. Os agentes afirmam que os presos usavam uma técnica chamada de "mescla", para misturar o capital lícito e ilícito.

“Apreendemos vários contratos de transferência para aquisição de criptomoedas, inclusive em empresas que estão sendo investigadas. Eles tentaram ocultar a origem ilícita desse dinheiro até por meio de transferências pequenas”, explicou Moyses Santana, delegado do caso. 

Relatórios de inteligência financeira apontaram que sócios de empresas envolvidas atuavam como laranjas do esquema de lavagem de dinheiro, já os donos aparecem como integrantes da organização paramilitar. Rafael Gomes da Costa e Cintia Bernardo, presos na operação de hoje, são os donos da empresa que construiu um dos prédios que deixou 24 mortos no desabamento de 2019, na Muzema.

“Todas as empresas que atuavam através da venda desses imóveis e no desmatamento dessa região para construção de prédios, além das atividades típicas de milícia estavam movimentando altos valores financeiros sem possuir lastro mínimo para isso”, finalizou o delegado.