O pai da menina que foi sequestrada e mantida em cárcere privado em São Luís do Maranhão afirmou que os dias de procura pela filha foram desesperadores. Em entrevista exclusiva para a TV Band, Alessandro Alves contou que após o resgate, ela só consegue dormir ao lado da mãe, abraçada.
“Esses dias em que ela ficou fora foram dias de muito desespero, muito choro. Pedimos a Deus que encontrassem ela com vida. Tinha gente que falava pra gente orar bastante pra encontrar ela viva, porque pelo fato dela ter sumido assim seria difícil ela retornar bem”, conta.
A menina de 12 anos foi sequestrada por Eduardo Noronha, de 25. Ele levou a vítima para São Luís do Maranhão, em uma viagem feita por um carro de aplicativo que custou R$ 4 mil, de acordo com a Polícia Civil. Ela foi mantida em cárcere privado, sem acesso à internet.
Depois de quase dez dias desaparecida, ela conseguiu entrar em contato com a irmã por meio do Wi-Fi de uma loja em que estava com o sequestrador.
Segundo o pai da menina, ela passou um domingo tranquilo com a família antes de desaparecer no último dia 6. O pai disse que ao acordar, pela manhã, a filha saiu para o colégio no mesmo horário em que ele foi para o trabalho. Mas ela não voltou para casa.
“Estava trabalhando e minha esposa me ligou por volta das três e meia da tarde, o horário que a minha filha chega em casa. Mas ela falou que a menina ainda não tinha chegado, e aí começou o desespero. Eu peguei meu telefone e comecei a mandar mensagem pro WhatsApp dela: ‘Cadê você? Tua mãe tá preocupada, onde você tá’? E ela só falava para mim que estava bem, que era pra eu ficar calmo, que ela ia voltar. Mas não falava onde estava. Aí teve uma hora que ela não me respondeu mais”, diz.
Alessandro também contou que encontrou, há dois anos, uma conversa do criminoso com a menina. Ela chegou a ficar três meses sem telefone. O pai percebeu que a filha estava chateada sem o celular, e devolveu o aparelho. Ela prometeu que não ia manter contato com o homem. Mas os dois voltaram a se falar.
“Chamamos ela, conversamos, e ela disse que não ia fazer mais. Excluiu ele e parou com tudo, então entregamos o telefone de volta. E eu e minha esposa não olhamos mais o celular”.
O sequestrador ficou menos de dois dias preso. A juíza Maria da Conceição Privado, do Tribunal de Justiça do Maranhão, converteu a prisão de Eduardo em liberdade provisória, com medidas cautelares, como o uso da tornozeleira eletrônica. Alessandro criticou a decisão.
“Eu acho que ela não teve um coração de mãe. Um cara de 25 anos sequestrou minha filha, veio para o Rio e levou ela para a cidade dele. Ele dormiu com ela. Graças a Deus não teve abuso, nem relações. Mas ele beijou na boca da minha filha”, acusa.
A menina desembarcou no Rio na quinta-feira passada (16) e foi direto para a delegacia prestar depoimento. Agora, ela usa o celular com a supervisão dos pais, mas Alessandro diz confiar nela.
“Agora é só dar mais atenção em relação ao que ela faz no telefone, mas não vou tomar o celular dela não. Muita gente fala que tem que tomar o telefone, que tem que bater. Mas é melhor conversar”, ele afirma.
*Sob supervisão de Christiano Pinho