Família acusa PM de executar jovem de 18 anos no Jacarezinho

Testemunhas afirmam que Jhonatan Ribeiro de Almeida não reagiu a abordagem policial

Pedro Cardoni*

Jhonatan Ribeiro de Almeida, de 18 anos, deixa uma companheira e uma filha de quatro meses Reprodução/Redes Sociais
Jhonatan Ribeiro de Almeida, de 18 anos, deixa uma companheira e uma filha de quatro meses
Reprodução/Redes Sociais

Moradores acusam policiais militares de matar um jovem de 18 anos no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, na noite da última segunda (25). Um protesto foi organizado na comunidade na madrugada desta terça (26).

Segundo familiares, Jhonatan Ribeiro de Almeida foi abordado pelos agentes quando estava sentado em uma calçada e foi baleado no peito. Testemunhas afirmam que o jovem não reagiu à abordagem e os policiais deixaram o local correndo, sem prestar socorro.

"Mataram meu filho com um tiro no peito, eu quero saber porque mataram meu filho se ele não é traficante. E não socorreram meu filho, nem deram o direito dele de viver", contou Monique Ribeiro dos Santos, mãe da vítima.

Nas redes sociais, moradores da comunidade publicaram vídeos da população socorrendo Jhonatan e levando ele para o hospital em uma moto. A direção da UPA de Manguinhos, para onde o jovem foi levado, informou que Jonathan já chegou morto na unidade.

 

Em nota, a Polícia Militar confirma que houve um suspeito baleado em uma ação na região. A corporação afirma que o homem carregava drogas e uma arma falsa, mas que não foi possível prestar socorro ao ferido devido a reação da população de arremessar pedras e garrafas contra os agentes. 

Uma perícia foi realizada no local e a arma do policial militar foi recolhida para um exame pericial. Familiares e testemunhas vão ser ouvidas pelos agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

PROTESTO NA COMUNIDADE

Um protesto foi organizado no Jacarezinho, na madrugada desta terça (26). Familiares e moradores da região pedem justiça pela morte do jovem de 18 anos, que deixou uma esposa e uma filha de quatro meses.

Os manifestantes atearam fogo em objetos na rua e interditaram a Avenida Dom Hélder Câmara, na altura da Avenida dos Democráticos. O Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar as chamas nas vias.

HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA NO JACAREZINHO

Vinte e oito pessoas foram mortas na comunidade do Jacarezinho em uma ação da Polícia Civil em maio de 2021. A operação é considerada a mais letal na história do Rio de Janeiro.

Em janeiro deste ano, durante o lançamento do programa do Governo do Estado "Cidade Integrada" a comunidade foi ocupada pelas polícias Civil e Militar.

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco