Um homem, identificado como Carlos Augusto Garcia Gonçalves, foi preso em flagrante pelo crime de estelionato por agentes da 38ª DP (Brás de Pina). Segundo a polícia, ele aplicou um golpe de cerca de R$ 1 milhão em Aline Verginia, professora de língua portuguesa que sonhava em ter um aplicativo para ensinar o uso correto da vírgula. O criminoso enganou a vítima por quase seis meses.
Depois de criar o aplicativo, a professora fez contato com alguns alunos para ajudar na divulgação e monetização do aplicativo, buscando patrocínios para que mais pessoas conhecessem a plataforma.
“Como produto final do meu mestrado, eu desenvolvi esse aplicativo, que se chama “Vai uma vírgula aí?”. Eu fiz o aplicativo em março desse ano e comecei a divulgar para alunos e meus contatos. Eu mandei mensagem para uma ex-aluna minha, e logo depois, o esposo dela, o Carlos, que também conhecia da escola, mas que não foi meu aluno, entrou em contato comigo com um número uruguaio”, disse Aline Verginia.
Depois que o golpista entrou em contato com a vítima, ele alegou que era funcionário do governo argentino, que viajaria em breve ao país e que poderia divulgar o programa. Acreditando no criminoso, a vítima pagou viagens para ele e para supostos funcionários, além de fazer várias transferências de milhares de reais. Na sequência, o autor se fez passar por um representante de uma empresa americana que também estaria interessada na compra do aplicativo.
Em todas as viagens, a vítima pagava as passagens e a estadia do criminoso que ainda era acompanhado por supostos funcionários. Segundo a vítima, ele chegou a falsificar uma ordem de pagamento no valor de € 295.000,00 (euros) e enviá-la à ela.
Por achar ser verdadeira, a vítima transferiu cerca de R$ 180.000,00 para arcar como o custo de uma suposta taxa de imposto referente ao pagamento. Triste por não ver o aplicativo operando e tendo várias despesas para isso, Aline passava boa parte dos dias chorando.
“Várias vezes eu fui dar aula chorando e as crianças perceberam. Foi muito difícil para mim. Eu fiquei sem dormir várias noites, fui parar no hospital, tomava medicamento para dormir, perdi oito quilos e ele viajando para cima e para baixo com o meu dinheiro. Se não desse o dinheiro, ele não parava de encher meu saco, mandava mensagem até de madrugada”, comentou a vítima.
No último final de semana, segundo a vítima, o criminoso teria exigido mais R$ 30 mil para continuar como representante na venda do aplicativo. Não tendo mais dinheiro, ela negociou entregar a quantia de R$ 4 mil.
Acreditando ser vítima de um golpe, Aline Verginia procurou a polícia. Os policiais foram ao local no qual o dinheiro seria entregue e prenderam o criminoso em flagrante, logo depois do recebimento da quantia.
As investigações ainda vão continuar para que o dinheiro da vítima seja devolvido e possíveis pessoas que trabalhavam com Carlos sejam presas.
*Sob supervisão de Natashi Franco