Homem é preso por aplicar golpe de quase R$ 1 milhão em professora

O homem se passava por funcionário do governo argentino para enganar a vítima, que sonhava com desenvolver aplicativo

Felipe de Moura*

O golpista em uma das viagens pagas pela vítima Reprodução
O golpista em uma das viagens pagas pela vítima
Reprodução

Um homem, identificado como Carlos Augusto Garcia Gonçalves, foi preso em flagrante pelo crime de estelionato por agentes da 38ª DP (Brás de Pina). Segundo a polícia, ele aplicou um golpe de cerca de R$ 1 milhão em Aline Verginia, professora de língua portuguesa que sonhava em ter um aplicativo para ensinar o uso correto da vírgula. O criminoso enganou a vítima por quase seis meses.

Depois de criar o aplicativo, a professora fez contato com alguns alunos para ajudar na divulgação e monetização do aplicativo, buscando patrocínios para que mais pessoas conhecessem a plataforma.

“Como produto final do meu mestrado, eu desenvolvi esse aplicativo, que se chama “Vai uma vírgula aí?”. Eu fiz o aplicativo em março desse ano e comecei a divulgar para alunos e meus contatos. Eu mandei mensagem para uma ex-aluna minha, e logo depois, o esposo dela, o Carlos, que também conhecia da escola, mas que não foi meu aluno, entrou em contato comigo com um número uruguaio”, disse Aline Verginia.

Depois que o golpista entrou em contato com a vítima, ele alegou que era funcionário do governo argentino, que viajaria em breve ao país e que poderia divulgar o programa. Acreditando no criminoso, a vítima pagou viagens para ele e para supostos funcionários, além de fazer várias transferências de milhares de reais. Na sequência, o autor se fez passar por um representante de uma empresa americana que também estaria interessada na compra do aplicativo.

Em todas as viagens, a vítima pagava as passagens e a estadia do criminoso que ainda era acompanhado por supostos funcionários. Segundo a vítima, ele chegou a falsificar uma ordem de pagamento no valor de € 295.000,00 (euros) e enviá-la à ela.

Por achar ser verdadeira, a vítima transferiu cerca de R$ 180.000,00  para arcar como o custo de uma suposta taxa de imposto referente ao pagamento. Triste por não ver o aplicativo operando e tendo várias despesas para isso, Aline passava boa parte dos dias chorando.

“Várias vezes eu fui dar aula chorando e as crianças perceberam. Foi muito difícil para mim. Eu fiquei sem dormir várias noites, fui parar no hospital, tomava medicamento para dormir, perdi oito quilos e ele viajando para cima e para baixo com o meu dinheiro. Se não desse o dinheiro, ele não parava de encher meu saco, mandava mensagem até de madrugada”, comentou a vítima.

No último final de semana, segundo a vítima, o criminoso teria exigido mais R$ 30 mil para continuar como representante na venda do aplicativo. Não tendo mais dinheiro, ela negociou entregar a quantia de R$ 4 mil.

Acreditando ser vítima de um golpe, Aline Verginia procurou a polícia. Os policiais foram ao local no qual o dinheiro seria entregue e prenderam o criminoso em flagrante, logo depois do recebimento da quantia.

As investigações ainda vão continuar para que o dinheiro da vítima seja devolvido e possíveis pessoas que trabalhavam com Carlos sejam presas.

*Sob supervisão de Natashi Franco