Mapeamento aponta que 60 embarcações estão abandonadas na Baía de Guanabara

Especialista cobram força tarefa para resolver o problema dos cemitérios de embarcações

Myllena Amorim

Há vários navios na Baía de Guanabara  Reprodução/Tv Band
Há vários navios na Baía de Guanabara
Reprodução/Tv Band

O Navio São Luiz, que colidiu com a estrutura da Ponte Rio-Niterói, na última segunda-feira (14), não é o único na Baía de Guanabara que está abandonado e em estado precário de conservação. As outras embarcações que estão abandonadas, ficam no cemitério de navios da Baía de Guanabara, no Canal de São Lourenço, que está localizado entre os municípios de Niterói e São Gonçalo. O local está repleto de embarcações enferrujadas e abandonadas.

Um mapeamento feito neste ano pela Universidade Federal Fluminense em parceria com a Prefeitura de Niterói, a Fundação Euclydes da Cunha apontou que existem cerca de 60 embarcações por lá. Um risco à segurança da navegação e ao meio ambiente.

"Com o tempo a ferrugem do material que é absorvido pela coluna da água do buraco no casco pode vazar", explicou Newton Narciso Pereira, coordenador do projeto e professor de engenharia da UFF.

O projeto que está em fase final de conclusão propõe fazer o descomissionamento dos navios, que seria o desmonte das embarcações. Mas, para que isso acontecesse seria necessário o envolvimento e investimento do poder público.

Pela lei, essa fiscalização no famoso "cemitério dos navios" é de responsabilidade da Marinha. Procurada pela Band, a corporação disse que não vai se posicionar sobre o tema.

"É o momento de ter um olhar para a Baía de Guanabara, uma força tarefa e ver o que pode ser feito no local", explicou o professor de engenharia naval da UFRJ, Luiz Felipe Assis, defendeu que seja criada uma força tarefa.

Alguns dos navios desse cemitério são alvos de processos judiciais e aguardam leilão. A embarcação de 42 mil toneladas e 200 metros de extensão não é a única em estado de abandono e risco de acidente. Uma ONG dedicada à preservação da Baía de Guanabara volta a alertar sobre os riscos causados pelo alto número de embarcações abandonadas ou fundeadas na região.

Durante reunião em janeiro deste ano com o Instituto Estadual do Meio Ambiente, o Movimento Baía Viva estimou 68 navios e barcos nessa situação apenas no trecho do canal São Lourenço. Um levantamento que vem sendo feito desde 2002. Na época, o Plano Direção Costeira da Baía de Guanabara contabilizou 250 nos trechos de São Gonçalo, Niterói, Canal do Cunha e também no entorno da Ilha do Governador. Em 2016, uma estimativa do Inea apontou que existiam 150 e 200 embarcações apenas na altura do Canal de São Lourenço, em Niterói.

Em 2021, um mapeamento da Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda da Universidade Federal Fluminense contabilizou cerca de 58 embarcações abandonadas do Porto de Niterói até a Ilha de Paquetá. O projeto se propôs a identificar o quantitativo de embarcações abandonadas, as condições em que se encontram, para viabilizar a reciclagem em estaleiros localizados em Niterói.

ACIDENTE NA PONTE

Segundo a Marinha, o graneleiro São Luiz está parado na Baía de Guanabara desde 2016 e teve uma amarra rompida devido às condições climáticas da noite de segunda-feira (14), provocando a colisão na ponte.

Devido a isso, a Ponte Rio-Niterói foi fechada em ambos os sentidos, por volta das 18h30. Depois de três horas de interdição, a via foi liberada parcialmente. Na manhã da última terça-feira (15), os técnicos da concessionária que administra a ponte analisaram o local da colisão e constataram que não houve nenhum problema estrutural e a via foi totalmente liberada.