Mulher é vítima de estupro e agressão dentro de ônibus na Tijuca

Jovem de 22 anos relata que criminosos aparentavam ser menores de idade

Beatriz Duncan

Caso de estupro já foi registrado na delegacia e está sob investigação da Polícia Civil Felipe Lima/Band Rio
Caso de estupro já foi registrado na delegacia e está sob investigação da Polícia Civil
Felipe Lima/Band Rio

Uma mulher foi estuprada e agredida dentro de um ônibus da Linha 415 na noite da última quarta-feira (24), na Tijuca, Zona Norte do Rio. No corpo dela, principalmente no braço e nos seios, estão marcas de mordidas e socos. A jovem, que preferiu não se identificar, conversou com a equipe da Band Rio nesta sexta-feira (26).

Ela conta que subiu no ônibus em um shopping de Botafogo, na Zona Sul do Rio, em direção à Usina. Ao chegar na estação São Francisco Xavier, três rapazes entraram no coletivo pela porta traseira. Ao chegar no ponto da Saens Peña, um dos homens se aproximou da vítima e pediu o celular dela.

“Ele começou a puxar meu cabelo para trás do ônibus falando que me conhecia. Nisso eles começaram a me bater e tirar minha roupa para tentar abusar de mim. Mesmo com muita dor, lutei contra eles, mas, mesmo assim, ele conseguiu tirar minha calça e fazer algumas coisas. Ele me mordeu nas minhas partes íntimas, no meu peito, nos meus braços. Eu me senti um lixo. Eu já estava com nojo de mim e piorou a situação. Isso é muito desumano”, relata.

Segundo a jovem de 22 anos, os dois responsáveis pelo crime aparentavam ser menores de idade. Ela relata que não foi acolhida pelos policiais militares que a atenderam no momento da ocorrência.

“Os policiais poderiam ter falado: “vamos lá ver as câmeras, vamos na delegacia fazer uma ocorrência, mas eles não fizeram nada. Quem me ajudou a levantar foi meu próprio irmão que me colocou no carro”, conta a vítima.

A mulher detalha ainda que também não recebeu um bom tratamento por parte dos médicos na UPA Tijuca onde foi atendida.

“A moça da classificação de risco me deixou lá com sede, com dor, não fez nada. Ficou lá comendo o lanche dela como se eu não estivesse ali e não tivesse acontecendo nada. (Ela) mandou eu ficar esperando”.

O receio da vítima é que a filha dela passe pela mesma situação no futuro.

“Eu estou destruída. No dia que aconteceu eu fiquei a madrugada toda acordada. Eu olho para minha filha e choro porque ela não merece esse mundo. Tenho medo dela passar pela mesma coisa que eu passei”.

O caso já foi registrado na delegacia e está sob investigação.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro declarou que a paciente foi atendida na UPA Tijuca “e recebeu atendimento multidisciplinar conforme preconiza o protocolo da secretaria de saúde para vítimas de violência. Foi realizado minucioso exame clínico, com opção por medicação para analgesia e realização de nebulização devido à quadro crônico de asma da paciente”.

REGISTROS DE ESTUPRO NO RIO DE JANEIRO TEM ALTA

Cerca de 512 casos de estupro foram registrados no estado do Rio de Janeiro  só no mês de julho deste ano. É o que aponta um relatório do Instituto de Segurança Pública. O dado representa um aumento de 24.3% em comparação com o mesmo período do ano passado.

A taxa chama ainda mais atenção quando se olha o primeiro semestre de 2022 - foram mais de 3.200 registros. O índice é o mais alto dos últimos quatro anos.