Mulher que sofreu racismo em Copacabana fala sobre ter se sentido humilhada

Laura ia comprar um anel quando a dona da loja começou a vigiá-la e persegui-la

Karol Neves*

Mulher que sofreu racismo em Copacabana fala sobre ter se sentido humilhada. Reprodução
Mulher que sofreu racismo em Copacabana fala sobre ter se sentido humilhada.
Reprodução

Na quarta-feira (21) Laura Brito, de 28 anos, foi vítima de racismo. Na ocasião, ela havia ido a uma loja de bijuterias, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, quando a dona da loja, a chinesa Li Chen, de 48 anos, começou a persegui-la. Testemunhas que estavam no local fizeram imagens e gravaram o momento em que Laura chorava ao telefone, depois do ocorrido.

“Ela me perseguiu, perguntei se ela precisava de ajuda, ela falou que não, ela continuou tomando o meu espaço, eu perguntei de novo, e ela falou ‘eu não quero neguices e gente da sua laia dentro da minha loja. Sai!’ E aí onde ela começou a me bater e até cair minhas coisas no chão, quebrar o telefone, jogar tudo no chão. Eu tive que pedir socorro pra alguém me ajudar ali naquele momento de humilhação que ela me fez passar”, contou Laura.

Li Chen pagou fiança de R$ 1,5 mil e já foi liberada. Laura contou que, na delegacia, Li tentou suborná-la oferecendo esse mesmo valor para que ela não prestasse a queixa. Ela não aceitou.

Outras pessoas afirmaram que também já passaram por situações parecidas na mesma loja.

NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ

Laura contou que já foi vítima de injúria racial outras vezes. Ela afirmou que uma senhora “se jogou” na frente de um carro depois que ela ofereceu ajuda para amarrar o tênis da idosa. Na ocasião, a mulher quase foi atropelada para que Laura não a tocasse.

RACISMO EM BOTAFOGO

No último domingo (18), duas funcionárias de um bar também foram vítimas de racismo em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Na ocasião, a cliente foi presa em flagrante, pagou fiança e vai responder em liberdade. A situação foi filmada por pessoas que estavam no local e gerou revolta entre os clientes.

CASO RECORRENTE

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública foram contabilizados, apenas em 2021, 1.365 ocorrências de injúria por preconceito em todo o estado do Rio, sendo 1.036 vítimas negras. De acordo com o levantamento, 56% das vítimas de injúria de preconceito são mulheres negras, o que representa pelo menos uma vítima por dia durante todo o ano de 2021.

*Sob supervisão de Stephanie Mendonça