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Nova espécie de vagalumes homenageia aluno de biologia morto no Rio

A bioluminescência inspirou um grupo de biólogos a transformar luto em ciência

Pedro Cardoni*

Os vagalumes são um exemplo de animal com bioluminescência
Os vagalumes são um exemplo de animal com bioluminescência
Reprodução

O nome de uma nova espécie de vagalumes, encontrada no Parque Estadual da Pedra Branca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, vai homenagear um estudante de biologia assassinado com sete tiros em Botafogo, Zona Sul do Rio. O grupo de biólogos amigos da vítima transformou o luto em ciência.

Alex Schomacker era aluno de biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), quando foi morto depois de reagir a um assalto enquanto esperava um ônibus na Rua General Severiano. O crime aconteceu no dia 8 de janeiro de 2015 e os dois criminosos responsáveis pelo assalto foram presos e condenados a 28 anos de prisão.

Uma amiga de faculdade de Alex, Stephanie Vaz, se tornou bióloga especialista em entomologia, o estudo de insetos, e é a mente por trás da ideia. Nos dois anos de amizade entre a dupla, Stephanie conta que Alex foi capaz de marcar a sua jornada profissional e a incentivou a estudar insetos em algumas conversas no corredor da universidade.

O Amydetes Alexi faz parte de um grupo de espécies coletado em 2017 e tem características que o diferenciam das demais espécies de vagalume. Um vagalume normalmente tem a antena dividida em 11 partes, mas a nova espécie tem cerca de 62 partes. Além disso, o Amydetes Alexi brilha durante o dia, sendo uma espécie diurna.

Desde 2015, a bióloga, que também faz parte do grupo que fez a descoberta, desejava nomear uma nova espécie em homenagem ao amigo. O novo vagalume atende aos critérios para a escolha: é um animal natural do Rio de Janeiro e tem bioluminescência.

A bioluminescência é a capacidade de um ser vivo, como algas e vagalumes, emitirem luz própria. Além da beleza, o fenômeno também é uma forma natural de iluminação e pesquisadores de um estudo francês procuram descobrir formas de usar essa luz para iluminar cidades.

A cidade francesa de Rambouillet e a startup Glowee, empresa focada nesse tipo de experimentação, começaram a inserir a iluminação proveniente de bioluminescência nas ruas. Para isso, a bactéria que recebe o material genético para se tornarem luminosas são armazenadas em tubos cheios de água salgada, como um aquário iluminado.

A luz gerada por espécies como a que homenageia Alex também vai ser capaz de iluminar cidades.

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco