Operação da PF mira pessoas ligadas ao "doleiro dos doleiros"

A ação acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo

Pedro Cardoni*

PF cumpriu onze mandados de busca e apreensão, incluindo no bairro de Ipanema, na Zona Sul Divulgação/Polícia Federal
PF cumpriu onze mandados de busca e apreensão, incluindo no bairro de Ipanema, na Zona Sul
Divulgação/Polícia Federal

Onze mandados de busca e apreensão são cumpridos pela Polícia Federal em uma operação que investiga pessoas com bens e recursos no exterior não declarados, nesta terça-feira (17). A ação é um desdobramento das operações "Cambio Desligo" e "Patrón".

Residências e empresas de pessoas ligadas a Dario Messer, o "doleiro dos doleiros", no Rio de Janeiro e em São Paulo, são investigadas simultaneamente pelos agentes federais. Além disso, a operação ainda mira na prática do "dólar-cabo", uma forma de lavagem de dinheiro por meio de atividades ilícitas.

O "dólar-cabo" consiste em uma transação envolvendo depósitos em contas bancárias de diferentes países. Os envolvidos recebem o dinheiro no Brasil e repassam a quantia para as contas no exterior. Esse câmbio não é registrado pelo Banco Central e consegue fugir dos impostos.

Os investigados podem responder por lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro nacional. A operação "Enterro dos Ossos" tenta reprimir a prática da lavagem de dinheiro e evasão de divisas para paraísos fiscais, que teve início por meio das operações Cambio Desligo e Patron.

OPERAÇÃO CAMBIO DESLIGO

A operação Cambio Desligo foi uma força-tarefa da Lava Jato que aconteceu em maio de 2018 e mirou nas atividades criminosas de doleiros suspeitos de movimentar cerca de R$1,6 bilhão em 52 países. A ação chegou a prender 30 pessoas em quatro estados e o ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, foi um dos alvos.

OPERAÇÃO PATRÓN

A operação Patrón foi um desdobramento da ação Cambio Desligo e mirou nas atividades criminosas de Dario Messer, conhecido como "doleiro dos doleiros", e do ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes.

As investigações apontaram que Horacio ajudou Dario a ocultar o patrimônio e fugir da Justiça brasileira. O doleiro ficou foragido por quinze meses e foi preso em agosto de 2020. No mesmo período, Dario concordou em devolver cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos e cumprir 18 anos e nove meses de prisão em um acordo de delação premiada.

*Estagiários sob supervisão de Natashi Franco