Pacientes sofrem com falta de assistência de plano de saúde

Mesmo depois de decisões judiciais, NotreDame Intermédica deixa pacientes sem atendimentos necessários

Priscila Xavier

Pacientes sofrem com falta de assistência de plano de saúde
Pacientes sofrem com procedimentos negados e falta de medicação.
Divulgação TV Band Rio

Familiares de pacientes assistidos pelo plano de saúde NotreDame Intermédica afirmam que a operadora se recusa a oferecer remédios e nega cirurgias e assistência hospitalar. Os tratamentos seriam fundamentais para a continuidade do tratamento dos pacientes. A reportagem da TV Band acompanhou o drama vivido por três clientes da operadora.

Lucas Gabriel Lima, de 22 anos, sofre com uma síndrome rara, chamada Rasmussen, que provoca, inclusive, episódios frequentes de epilepsia. De acordo com a mãe de Lucas, por conta de uma inflação respiratória, a equipe médica indicou fisioterapia pulmonar, que foi negada pelo plano de saúde. Sem o tratamento adequado, o quadro de Lucas se agravou e ele precisou ser entubado.

"Lucas passou mais de 40 dias no CTI, ficou bastante tempo entubado, com dificuldades para sair da entubação. Se ele tivesse feito uma fisioterapia pulmonar como foi indicado, ele não teria voltado para o hospital", afirmou Marlene Lima, mãe de Lucas.

Na segunda-feira (11), o paciente recebeu alta. Mas, na saída do hospital, a família descobriu que a ambulância e o home care, que eram determinações judiciais, também não foram aprovados pelo plano.

"Ele (Lucas) tapou a cabeça, não queria mais falar. Ele falava para mim: 'Mãe, quero ir para casa. Por que eu não posso ir para casa?'. Meu filho está há dois meses nesse hospital. E aí eu chamei a polícia. Eu cheguei em casa, meia noite, e meu filho não tinha uma fralda, nem mesmo onde comprar. Não tinha uma medicação", contou desesperada a mãe.

CIRURGIA NÃO AUTORIZADA

Sandra Maria Siqueira da Silva, de 41 anos, descobriu a endometriose em junho do ano passado. Desde então, a dona de casa enfrenta uma rotina de exames para o procedimento cirúrgico. No entanto, quando a paciente chegou na mesa de cirurgia, em junho deste ano, descobriu que tanto o procedimento quanto os materiais cirúrgicos não foram liberados pela operadora.

"Fiz tudo pra acontecer a cirurgia. Quando chegou no dia da internação, eu tive uma negativa no Hospital QualiVida Ipanema, por conta do plano de saúde", contou Sandra.

Até agora, Sandra não conseguiu passar pelo procedimento e precisa conviver com as dores intensas provocadas pela doença, que atrapalham não somente as atividades do dia a dia, mas a qualidade de vida da dona de casa.

SEM MEDICAMENTO

Nádia Helena Fernandes, de 43 anos, faz tratamento contra o câncer de mama, desde 2017. Apesar dos esforços da equipe médica, a doença evoluiu para o quadro de metástase óssea pulmonar. No dia 5 de setembro, a reportagem da TV Band acompanhou a história de Nádia que, desde maio, luta para conseguir as doses do medicamento Enhertu, receitado por médicos da operadora NotreDame.

Quando a equipe de reportagem conversou com o marido dela, Nádia estava internada. Ele disse que depois da exibição da primeira matéria que Nádia apresentou melhora do quadro e passou por uma fisioterapia. Mas, que o medicamento ainda não foi receitado, mesmo com decisões judiciais que obrigam o plano de saúde a fornecer as doses.

"O pulmão dela já não está mais enchendo de líquido, graças a Deus. Ela também teve a fisioterapia, graças a Deus. Mas o remédio ainda é muito importante para que ela consiga lutar contra a doença. Sem ele, os médicos não conseguem avançar no tratamento", explicou, Théo Teixeira, marido de Nádia.

Nádia precisa ser medicada com quatro ampolas do remédio Enhertu, a cada 21 dias, durante 17 meses. A Justiça liberou a quantia necessária para que o marido da paciente comprasse, como pessoa física, uma das doses. Mas uma petição da NotreDame Intermédica bloqueou a transferência. Com isso, Nádia sequer recebeu a primeira dose do medicamento.

Nossa produção entrou em contato com a empresa sobre os casos, que respondeu:

"A empresa segue com o compromisso de oferecer a melhor assistência e cuidado aos seus clientes. Sobre o caso da Sandra Maria Siqueira da Silva, a companhia informa que foi realizado o contato com a cliente e foi oferecida a opção de uma nova data para a realização da sua cirurgia. A empresa segue à disposição para dar andamento ao caso e esclarecer quaisquer dúvidas.

Já em relação ao caso do Lucas Gabriel Lima de Sousa, informa que o paciente recebeu alta, segue com o suporte necessário e adequado para o seu quadro de saúde, de acordo com o combinado com a família.

Sobre a paciente Nádia Helena da Rosa Fernandes, a empresa segue ofertando todo o cuidado, desde a sua internação. No momento, a mesma não está em tratamento oncológico, pois encontra-se internada cuidando de intercorrências cardíacas e pulmonares. A empresa "permanece à disposição das famílias para quaisquer dúvidas."