A Polícia Civil identificou fragmentos de projétil no corpo da menina Eloah da Silva Santos, de 5 anos, atingida por uma bala perdida na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. O material vai ser comparado com as balas utilizadas nas armas dos policiais militares envolvidos na ação que aconteceu no Morro do Dendê, no último sábado (12).
Nesta terça-feira (15), o governador Cláudio Castro admitiu que houve falhas no protocolo da Polícia Militar nas ações que resultaram na morte da menina e de Wendell, adolescente de 17 anos suspeito de envolvimento no tráfico de drogas.
Castro lamentou a situação e disse que, se for comprovado que esses policias fugiram do protocolo, serão punidos.
“Nenhum deles foi operação. Foram todos em ronda. A ronda tem seus protocolos muito claros, rígidos e definidos. E a nossa investigação agora é pra entender se algum desses policiais fugiu dos protocolos. Se fugiu será punido”, afirmou o governador.
Em menos de uma semana, já são três crianças e adolescentes mortos após serem baleados em ações da PM. Além de Eloah e Wendel, Thiago, de 13 anos, foi morto na Cidade de Deus, na Zona Oeste. Pelo menos 16 policiais envolvidos nas ações foram afastados do serviço.
Na segunda-feira (21), os militares envolvidos nas ações vão passar por um treinamento extraordinário, incluindo técnicas de abordagem e prática de tiros.
“Nós vamos estudar essas ocorrências. Identificar os possíveis erros. Esses estudos de casos serão utilizados no curso, que reforça o que em tese ele deveria já saber e que deveria estar aplicando”, afirmou o Coronel Marco Andrade, porta-voz da PM.
Segundo o secretário da Polícia Militar, Coronel Luiz Henrique Pires, os policias militares já recebiam esse treinamento. A diferença é que essa vai ser a primeira turma de reciclagem. O objetivo é identificar onde aconteceu a falha da abordagem.
O curso que tem a duração de uma semana será aplicado no Centro de Instrução Especializada e Pesquisa Policial, o Ciespp, em Ramos. Depois do treinamento, os militares são avaliados se estão aptos para voltar a trabalhar nas ruas ou não.