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Polícia Federal investiga maior caso de tráfico de animais do Brasil

Inquérito investiga a chegada de 18 girafas país. Apenas 15 sobreviveram

Pedro Cardoni*

PF investiga se as girafas eram mantidas em locais irregulares
PF investiga se as girafas eram mantidas em locais irregulares
Divulgação/PF

O inquérito que investiga o caso da morte de três girafas bebês que seriam levadas para o BioParque do Rio afirma que este é o maior caso de tráfico de animais silvestres do Brasil. Os animais chegaram à Capital Fluminense em novembro de 2021 e foram encontrados mortos em janeiro deste ano.

Ao todo, 18 animais chegaram ao Brasil e foram encaminhados para um resort de luxo na Costa Verde Fluminense, onde as girafas passariam por uma quarentena. De acordo com a Policia Federal, tanto o tamanho do local, como a forma como os animais devem se alimentar e beber água apresentam irregularidades.

Entre as 15 girafas sobreviventes, algumas apresentam lesões ao redor dos olhos, pernas e torsos. As condições do local estariam colocando em risco a vida dos animais. As outras três girafas acabaram morrendo durante uma tentativa de fuga.

A causa da morte das girafas foi identificada como “miopatia de captura”. Os animais são mantidos em locais apertados e ficam estressados. As investigações apontam que as girafas estão em um local com pouca luz, alta umidade, pouca mobilidade e cercados de excrementos.

A empresa identificada como vendedora tem sede no Panamá e o valor da transação é superior a R$ 5 milhões. Os transportadores das girafas são uma empresa da África do Sul e o recolhimento dos animais aconteceu perto de Johanesburgo. A importação foi autorizada pelas autoridades brasileiras com o argumento do BioParque de estar montando um grande projeto sustentável.

Os vendedores e os importadores também são investigados pelo tráfico de leões, golfinhos e macacos.

“A gente está falando de animais de mais de cinco, seis metros, então existe um sistema que tem que ser muito bem organizado para que você consiga fazer o transporte desses animais e conseguir ingressar ele de um país para o outro”, comentou Mauricio Forlani, gerente de pesquisa da AMPARA Silvestre, Ong de defesa dos animais, que acompanha as investigações.

No documento, o agente responsável pelo caso, Fábio Eller de Oliveira, ainda afirma que as girafas são tiradas de uma vida livre na natureza africana e são aprisionadas no Brasil. O agente continua esclarecendo que a delegacia especializada em crimes contra o meio ambiente e patrimônio histórico da Polícia Federal (DELEMAPH) tentou achar lugares adequados para esses animais no país, mas não teve sucesso, em contraponto com os santuários em funcionamento em diversas regiões da África.

Em nota, o BioParque do Rio afirmou que o inquérito contraria laudos técnicos feitos por peritos judiciais e pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) atestando o bem-estar dos animais. A instituição ainda esclareceu que cada trio de girafas ocupam uma área de aproximadamente 900 metros quadrados, superior ao tamanho mínimo especificado pela legislação.

A investigação ainda está em andamento e a Polícia Federal segue recolhendo depoimentos.

*Estagiário sob supervisão de Natashi Franco