Quem passa pela região do Estádio do Maracanã, na Zona Norte do Rio, sofre com o medo de ser assaltado diariamente. O aumento da violência e também do número de usuários de drogas são um relato praticamente unânime de todos que frequentam o local.
Em frente ao estádio, uma cabine da Polícia Militar exemplifica a situação do local: ela está vazia, sem qualquer agente, e com várias marcas de tiros.
"Infelizmente, a gente está se acostumando com a violência. Se a gente guardar o telefone ou andar com ele exposto, a gente vai ser assaltado do mesmo jeito. Quando eu passo por essa região de noite, eu não ando com meu celular na mão. Aqui costuma ficar um carro de polícia, mas à noite não tem. Está sempre deserto", disse Ágata Cristian, auxiliar financeiro.
O Maracanã foi o principal palco da Copa do Mundo do Brasil em 2014, sediando a final entre Argentina e Alemanha. O investimento ultrapassou a marca de R$ 1 bilhão e a principal promessa para os moradores, era de melhorias no bairro que leva o mesmo nome do estádio.
Porém, oito anos depois, nenhuma melhoria é percebida, mas sim o aumento da violência e o abandono. Os roubos de rua, por exemplo, cresceram 110% entre janeiro e outubro desse ano se comparado com o mesmo período do ano passado.
"Aos arredores da UERJ, o que fazem, é roubar celulares. Isso eles roubam mesmo. São moleques de rua, que vêm de moto às vezes. Assaltaram aqui do lado de fora da UERJ também", falou o taxista Antônio de Sá.
De acordo com a Polícia Militar, entre os meses de janeiro e setembro, o batalhão da região efetuou 330 prisões na área de policiamento. Em nota, a PM alegou que "nos dias sem eventos esportivos, as ações ostensivas do 6ºBPM (Tijuca) seguem abrangendo o bairro Maracanã, que também conta com a atuação específica de equipe do Programa Bairro Seguro".
Sobre a cabine que está alvejada e vazia, o órgão disse que "as rotinas de trabalho da Corporação relacionadas ao policiamento ostensivo priorizam a movimentação dinâmica das equipes policiais. As cabines funcionam como ponto de apoio ao efetivo empregado nas vias públicas".
*Sob supervisão de Natashi Franco