Rio é um dos três estados com maior alta de Covid no país, aponta Fiocruz

Nesta quinta-feira (24), 209 pessoas estão internadas na rede SUS da capital Fluminense.

Felipe de Moura*

A procura por testes aumentou nas últimas semanas.  Alexandre Macieira/Prefeitura do Rio
A procura por testes aumentou nas últimas semanas.
Alexandre Macieira/Prefeitura do Rio

O estado do Rio de Janeiro sofre com a alta de casos de coronavírus neste mês de novembro. De acordo com o boletim da FioCruz divulgado nesta quarta-feira (23), o Rio está entre os três estados com o crescimento mais acentuado de casos de Covid-19 no país.

De acordo com o InfoGripe, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraíba foram os destaques negativos, com as maiores altas de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O Covid representa mais de 61% das SRAGs.

Muitos cariocas que nunca se contaminaram pela doença, estão se infectando com a “onda” desse mês, como é o caso da estudante Letícia Braz, que testou positivo para Covid-19 nesta semana depois de tomar a terceira dose há 10 meses.

"Eu já estava desconfiada que era Covid, eu estava muito nervosa, no dia anterior eu tinha ido no hospital e eu estava com 40 graus de febre dois dias seguidos, muito calafrio, dor no corpo, muita fraqueza, não conseguia me levantar da cama. Nos dois primeiros dias eu tive muita falta de ar, dor muito forte nas costas", disse Letícia Braz.

A jovem, que já deveria estar imunizada com a segunda dose de reforço, se assustou com os fortes sintomas.

“Eu não tomei a quarta dose porque fiquei adiando. A gente tem essa sensação, eu acho, de que as coisas já passaram, que não precisa mais usar máscara, essa coisa de a pandemia acabou, Covid acabou. E agora a gente está vendo que não acabou né”, afirmou a estudante.

Assim como ela, muitos cariocas também estão com esquema vacinal incompleto. Apenas 37% das pessoas acima de 18 anos tomaram a quarta dose. Nesta quinta-feira (24), 209 estão internados com coronavírus na rede SUS da capital e 19 aguardam vaga. A taxa de ocupação dos leitos de enfermaria destinados à doença é de 63%.

“A gente está vivendo uma nova onda de uma subvariante da Ômicron. Essa nova onda está promovendo muitos casos, parece que ainda está em ascensão. Há uma pequena impressão que esse aumento estabilizou, mas continua aumentando. Por outro lado, essa onda mostra menos gravidade do que a do início do ano, com menos mortes e óbitos. O Covid não vai embora, ele vai se adaptando ao ambiente”, explicou Marcos Lago, infectologista do Hospital Universitário Pedro Ernesto.

VACINAÇÃO EM CRIANÇAS

A vacinação contra o coranavírus para crianças de seis meses a 4 anos com comorbidades ou deficiências foi prorragada até a próxima sexta-feira (25). Até o momento, foram aplicadas cerca de 5.700 doses da Pfizer infantil em pessoas dessa faixa etária. O prazo foi adiado por causa da baixa procura até o momento.

"A limitação da vacinação a crianças com comorbidades pode ser uma das razões para a baixa procura. Muitos não têm seu diagnóstico estabelecido. Essa limitação é um erro estratégico não só para as crianças, mas tem implicação direta nas medidas de controle da epidemia", explicou Tânia Vergara, infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Por conta do número limitado de doses desse tipo de imunizante, apenas 9.390, a vacinação está sendo realizada em unidades de saúde específicas, das 8h às 17h, até que novas remessas sejam enviadas pelo Ministério da Saúde.

"A gente está vendo o número de internações de crianças aumentando. Então, é muito importante que o Ministério da Saúde faça um planejamento para que compre vacina para todas as crianças de 6 meses a 4 anos. Essa foi a recomendação do nosso Comitê Científico. Percentualmente, o maior número de internação é de crianças neste momento, que foi o grupo que não se vacinou", comentou o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz.

Para que a criança seja vacinada, o responsável deverá apresentar comprovante (exames, receitas, relatório médico, prescrição médica, etc) demonstrando que ela pertence a um dos grupos de comorbidades prioritárias para a vacinação.

"Todos os não vacinados correm um risco maior de infecção e evolução para doença grave e óbitos. As crianças correm o mesmo risco que a população adulta. Aliás, conforme amplamente divulgado, as sociedades médicas não concordam com a limitação da vacinação às crianças com comorbidades. Todas as crianças estão sob risco. É muito difícil determinar a presença de comorbidades em crianças nesta faixa etária, mesmo que estejam presentes", disse Tânia Vergara.

Também é fundamental que, além dos responsáveis levarem as crianças para tomar a primeira dose, que eles retornem à mesma unidade de saúde para a segunda dose do esquema.

"É muito importante tomar a vacina contra esse vírus. Eu estava com medo porque ele é especial, agora, depois da vacina, eu fico sem medo, aliviada", disse Valdeni Lima, desempregada e mãe do Bernardo, de 2 anos, que tomou a primeira dose da vacina na semana passada.

*Sob supervisão de Natashi Franco