“O corre é louco”. A frase que Tchê Tchê carrega desde a chegada ao Botafogo define perfeitamente a trajetória do volante no clube carioca. Refém de críticas após um início instável, o volante deu a volta por cima e, ontem, contra o Red Bull Bragantino, marcou seu primeiro gol com a camisa alvinegra, uma espécie de recompensa a um dos pilares invisíveis da equipe de Luís Castro.
O camisa 6 é um daqueles jogadores que não liderem estatísticas, mas que ostentam uma importância significativa para a coesão do time. Adaptado como primeiro volante, Tchê Tchê é o termômetro do Botafogo e um dos responsáveis por colocar em prática uma das principais ideias do técnico português: explorar amplitude dos pontas a partir de viradas rápidas de jogo e lançamentos precisos.
Seguro defensivamente, o meia também vai bem à frente quando o convém. Isso porque são as raras as ocasiões em que Tchê - como Luís Castro o chama - tem a oportunidade de pisar na área, uma de suas principais virtudes na passagem pelo São Paulo, em 2020. Se no tricolor paulista o meia tinha mais liberdade por ter Luan ao seu lado como primeiro volante de ofício, no Botafogo ele vem começando a ganhar essas oportunidades.
Analisando um recorte das últimas rodadas, Tchê Tchê foi decisivo quando flutuou sem a obrigação de marcar. Contra o próprio São Paulo, sofreu o pênalti convertido por Tiquinho Soares que sacramentou a vitória no Morumbi. Se ele não estava como primeiro homem na recomposição, quem estava? Nessa ocasião, Danilo Barbosa, que entrou no segundo tempo, cumpriu essa função na entrada da área e ofereceu a liberdade necessária para o camisa 6 ser mais um dos cinco jogadores alvinegros dentro da área tricolor.
Ontem, contra o Red Bull Bragantino, no Nilton Santos, quem o cedeu essa liberdade foi Patrick de Paula, que, inclusive, entrou muito bem e participou do gol decisivo marcado por Tchê Tchê, sozinho dentro da área, como um mero centroavante.
Invisível nas ilusórias estatísticas, o volante se solidifica cada vez mais como peça fundamental no Botafogo e se credencia para ser a base da equipe para 2023.
Sob supervisão de João Lidington*