Vassoureiro morto durante operação da PM em Queimados é enterrado

Diego Willian da Silva Dias Lima foi baleado enquanto saía de casa para trabalhar, nesta terça (5)

Felipe de Moura (sob supervisão de Natashi Franco)

Os familiares acusam os policiais militares de terem atirado contra o rapaz Reprodução
Os familiares acusam os policiais militares de terem atirado contra o rapaz
Reprodução

Diego Lima, de 31 anos, foi enterrado nesta quarta-feira (6), às 17 horas, no cemitério Vale da Saudade, na Jaqueira, em Queimados, na Baixada Fluminense. Ele foi baleado nas costas e morreu durante uma operação da Polícia Militar nesta terça-feira (5), também em Queimados.

De acordo com a família da vítima, ele estava saindo de casa por volta das 5 horas para ir trabalhar com uma bolsa de documentos e as vassouras que ia vender, quando foi atingido por um disparo.

Os familiares acusam os policiais militares de terem atirado. Diego chegou a ser levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu.

“Não tinha operação nenhuma. Depois de 10 minutos que ele saiu, ela (Maria de Lurdes, mulher do Diego) escutou os tiros. Aí ela saiu, viu o corpo dele e viu os policiais tirando. O policial atirou, virou ele, aí ela reconheceu, começou a gritar que era o esposo dela e mandaram ela entrar. Eles pegaram um pano, levaram para dento do UPA e largaram lá”, disse Ana Cláudia da Silva Dias, mãe de Diego.

A PM informou que, de acordo com policiais do 24°BPM (Queimados), “criminosos armados atacaram as equipes na comunidade do São Simão, em Queimados, nesta terça. Um homem foi ferido e socorrido à UPA da região”. Na ação, foram apreendidos um revólver, duas granadas, três rádios e drogas.

“Os policiais que fizeram essa maldade com meu filho tão dizendo que o meu filho trocou tiro. Eu quero saber da polícia se vassoura é arma. Ele era um menino muito carinhoso, muito alegre, fazia vários vídeos engraçados indo trabalhar. A vida dele sempre foi uma alegria. Estou destroçada, com o meu coração partido. Eu perdi meu primeiro amor”, falou a mãe do Diego

A Corregedoria da Polícia Militar investiga a atuação dos agentes envolvidos na ação.

MORADORES COBRAM JUSTIÇA

Na tarde desta quarta-feira (6), amigos do Diego fizeram um protesto contra a morte do vassoureiro na praça Dr. Rubens de Lima, conhecida como Praça dos Eucaliptos, na Vila do Tinguá, em Queimados. Eles pediam justiça pela vítima.

A Polícia Militar e os manifestantes entraram em confronto durante o protesto. Nas redes sociais, as pessoas denunciaram violência por parte da polícia. Em nota, a PM afirmou que os agentes utilizaram dos meios necessários para conter os envolvidos e possíveis depredações.

“A gente estava com diversos planos, diversos projetos de vida. Ele estava com o propósito de aumentar nossa casa, a gente estava planejando tudo. Na segunda-feira eu corri atrás do papel, fui lá no cartório, para a gente poder casar. Em fevereiro ele ia se batizar, passar pelas águas. Ele ficou todo feliz quando eu cheguei segunda-feira, com tudo. Ele estava muito feliz, mas infelizmente aconteceu essa brutalidade. Meu esposo foi assassinado no portão de casa, saindo para trabalhar. Ele era um cara que sonhava o tempo todo, não tinha tempo ruim para ele”, falou Maria de Lurdes, companheira do Diego.