Um cemitério de viaturas da Polícia Militar. É como moradores descrevem o cenário de um terreno no Parque da Boa Esperança, no Caju, Zona Portuária do Rio. O espaço, onde funcionavam uma escola e uma Unidade de Polícia Pacificadora se tornou um depósito de antigos veículos usados pela corporação.
Não é raro passar pelo local e ver vários focos do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão dos vírus da dengue, da chinkungunya e da zika.
“É um caso de total abandono por parte do Estado. Hoje temos centenas de carros da Polícia aqui, sucatas, causando dengue, infestação de caramujos africanos e a gente precisa de uma solução para isso”, conta Ariane Miro, líder da associação de moradores do Caju.
Apesar de a cidade do Rio não estar mais em epidemia, o alerta contra a dengue permanece ligado. Desde janeiro até agora são 87.048 casos confirmados da doença, com sete óbitos registrados no município do Rio.
“É o puro descaso público. Centenas de veículos em um colégio abandonado, onde poderia estar sendo construída uma praça para a população local”, afirma o empresário Carlos Vital.
“Deveria voltar a ser uma escola. O Caju precisa de uma escola, de uma área de lazer, e estamos aqui, totalmente abandonados”, finaliza Ariane.
A Polícia Militar disse que as viaturas estão em processo de descarte e que determinou que todas as unidades chequem e eliminem os possíveis focos de dengue.
No ano passado, o Governo do Estado gastou R$ 96 milhões com a compra de 440 novas viaturas para a Polícia Militar.
*Sob supervisão de Christiano Pinho.