Washington Reis, candidato a vice-governador do Rio, é alvo de operação da PF

A Operação Anáfora investiga desvios de recursos públicos cometidos no âmbito da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias.

Felipe de Moura*

Washington Reis foi um dos alvos da Operação Anáfora. Divulgação
Washington Reis foi um dos alvos da Operação Anáfora.
Divulgação

O candidato a vice-governador na chapa de Cláudio Castro e ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, foi um dos alvos da Operação Anáfora, deflagrada na manhã desta quinta-feira (1). A operação da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU) cumpre 26 mandados de busca e apreensão na Região Metropolitana do Rio e na Baixada Fluminense.

O objetivo da ação, que conta com a participação de oito auditores da CGU e de 120 policiais federais, é combater desvios de recursos públicos cometidos na Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, por meio da contratação de serviços médicos.

A força-tarefa também investiga um suposto favorecimento na contratação de uma cooperativa de trabalho pelo Município de Caxias. Somando o contrato e os aditivos, os valores ultrapassam os R$ 563 milhões em pouco mais de dois anos.

A investigação, iniciada em janeiro deste ano, aponta que a cooperativa pertence a uma organização criminosa que vem operando no Estado do Rio há décadas e desviando recursos públicos.

A CGU constatou que houve um superfaturamento aproximado de R$ 53,6 milhões na planilha de composição de custos dos serviços para um ano de contrato. A alocação de recursos públicos na execução do contrato analisado alcançou o montante de quase R$ 414 milhões de março de 2020 a março de 2022, sendo R$ 142,8 milhões vindos de recursos federais transferidos do Sistema Único de Saúde (SUS) para o Fundo Municipal de Saúde de Duque de Caxias.

Os indícios apontados pela CGU que apontam para o direcionamento de licitação e favorecimento da instituição contratada são:

- Opção por pregão presencial em vez de eletrônico;

- Inserção de cláusulas restritivas no edital; falta de clareza na definição dos serviços e quantitativos objeto da contratação;

- Descumprimento de cláusulas editalícias;

- Evidente afronta ao princípio da segregação de função

Segundo a operação, a organização criminosa em questão “já foi investigada na Operação Favorito, deflagrada em junho de 2020, para a prática de fraudes em licitações e lavagem de dinheiro”.

Como resultado da Operação Favorito, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou 17 pessoas por danos à saúde do Rio.

Em nota, Washington Reis disse que atendeu aos policiais que estiveram na casa dele e se colocou à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários. Segundo a Polícia Federal, nada foi encontrado.

Durante a tarde, através das redes sociais, divulgou um vídeo aonde fala das buscas e apreensões feitas na Fazenda Paraíso.

“To aí para dar satisfação à todos que me conhecem e me apoiam na minha caminhada. A nossa Fazenda Paraíso, nossa e dos dependentes químicos que estão lá, recuperando as suas vidas, as suas famílias, aquela fazenda é um patrimônio da prefeitura. Ali recebe doações e nós recebemos de uma empresa doações de tanque-redes para a criação de tilápia. E hoje eu tive uma busca da Polícia Federal na Fazenda Paraíso e na minha casa, dizendo que eu recebi um bem para a minha fazenda. Então gente, nosso advogado já acessou o inquérito. É algo muito chocante, mas a vida é produto de luta. Tô feliz porque nós criamos a fazenda paraíso, que é um grande empreendimento para cuidar das pessoas, para salvar vidas, e a gente sofre, faltando um mês para a eleição, essas pancadas da política, que, para muita gente que não consegue o esclarecimento do fato, muitos caem em dúvidas. Mas, tô aqui dando satisfação. Tô muito tranquilo porque sou firme no que faço e ando direito. É só vitória em nome de Jesus “, afirmou Washington Reis.

Questionado, o governador Cláudio Castro afirmou que respeita o trabalho da Polícia Federal e da CGU e aguarda os desdobramentos da operação.

*Sob supervisão de Natashi Franco