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Brasil não vai importar feijão por causa de enchentes no RS como falou Lula

Presidente Lula declarou que poderia ser necessário importar feijão, mas Rio Grande do Sul não é um expressivo produtor desse alimento

Viviane Taguchi

Produção de feijão no Rio Grande do Sul não é expressiva
Produção de feijão no Rio Grande do Sul não é expressiva
Sebastião de Araújo/Embrapa

As enchentes que assolam o Rio Grande do Sul destruíram lavouras que ainda estavam em fase de colheita, como as de arroz e soja. A colheita do arroz já estava um pouco atrasada no estado, mas cerca de 70% da área plantada havia sido colhida e a colheita da soja já havia sido feita em 80% da área. Na última terça-feira (7), o presidente Lula disse que talvez, o Brasil também precisasse importar feijão para suprir as perdas do estado. 

No entanto, a declaração do presidente não faz sentido, já que o Rio Grande do Sul não é um mais um grande produtor de feijões. A área plantada com a leguminosa no estado não passa de 50 mil hectares e 95% da produção desta safra, já foi colhida.

O Rio Grande do Sul não é um expressivo produtor de feijões no Brasil e por isso, não será preciso importar feijão por conta das enchentes que ocorrem no Rio Grande do Sul. “O Rio Grande do Sul necessita, todos os anos, buscar feijões de outros Estados. [A região] não produz feijão o suficiente para abastecer sua população e, ao longo dos últimos anos, o governo do Estado desestimulou o plantio de feijão e mantém uma taxa de ICMS absurda de 12% sobre o feijão”, declara o presidente do Instituto Brasileiro de Feijões e Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders. 

Dados do Ibrafe mostram que a produção de feijões no Rio Grande do Sul, na safra 2022/2023 chegou a 70 mil toneladas e, na atual safra, a produção estimada é de 77 mil toneladas. A área plantada com a leguminosa na safra 2022/2023 foi de 47,6 mil hectares e na safra atual, 48,5 mil hectares. “Este posicionamento [de cobrar imposto] fez com que a área plantada com feijão no Rio Grande do Sul diminuísse 32%, mesmo com o aumento de produtividade registrado no campo, de 66%”, diz Lüders. “É imoral cobrar imposto sobre um alimento básico”.

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