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Recuperação empresarial auxilia empresários na retomada pós-pandemia

Empresários estão conseguindo reduzir débitos em até 90% e restabelecer a saúde financeira dos estabelecimentos

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Setor de serviços foi o mais afetado
Setor de serviços foi o mais afetado
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O Brasil fechou o mês de abril com mais de 6,1 milhões de empresas inadimplentes, segundo dados da Serasa Experian, o maior número desde junho de 2020. O setor de serviços foi o mais afetado, com 52,5% do total. A Serasa aponta a instabilidade econômica e o desemprego elevado como fatores impulsionadores da inadimplência.

O endividamento é outro problema enfrentado. Pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em junho mostra que 69% dos bares e restaurantes têm dívidas bancárias. Um número chama a atenção: 13,6% do custo mensal, em média, estão comprometidos com o pagamento dos empréstimos. 

“Uma vez sem conseguir cumprir compromissos, muitas empresas recorrem aos bancos, e os juros acabam criando uma bola de neve, com juros sobre juros que tornam os pagamentos insustentáveis”, explica o advogado Felipe Granito, especialista em recuperação empresarial.

O impacto do momento econômico no setor de serviços foi sentido no escritório. Até o início de 2020, os clientes eram principalmente indústrias e grandes empresas, agora, o setor de serviços e varejo já representa mais de 80% de empresários que buscam auxílio para recuperar a saúde financeira dos empreendimentos.

“É importante que se busque o auxílio enquanto ainda é possível a recuperação, sem que seja necessário chegar a medidas mais drásticas, como a recuperação judicial, um procedimento jurídico mais complexo e que dificilmente tem resultado positivo”, explica Granito.

O Restaurante Aulus, localizado no distrito de Barão Geraldo, em Campinas (SP), é um exemplo. Com a pandemia da Covid-19, o estabelecimento foi obrigado a funcionar apenas para entregas e retiradas, o que foi insuficiente para terminar o mês no positivo. O resultado foi a necessidade de pedir mais empréstimos ao banco, sem conseguir quitar o anterior. Em pouco mais de um ano, a dívida mais que dobrou em razão dos juros e da inadimplência.

“Com essa situação, desde o início da pandemia, o pensamento de não reabrir foi constante. Hoje, estamos com o salão aberto novamente depois de dois anos fechado. Isso só foi possível com a renegociação das dívidas com bancos, fornecedores e também com os mais de 50 funcionários que tivemos que dispensar”, afirma Alexandre Cocholice, administrador do estabelecimento, que foi fundado há 30 anos pela sua família.

Responsável por renegociar a dívida do restaurante com as instituições financeiras, Felipe Granito explica que as estratégias adequadas ao renegociar possibilitam uma drástica redução no valor dos débitos. A dívida foi quitada com 88% de abatimento após a renegociação. “Temos conseguido uma média de mais de 90% de desconto nas dívidas que negociamos. Desde o início da pandemia, atendemos mais de 100 clientes, e todos conseguiram se recuperar”, conta o advogado.

Um dos pontos atacados pelo escritório é a atuação abusiva de bancos. “As instituições financeiras utilizam indevidamente o crédito rotativo da empresa para quitar parcelas em débito automático. Com isso, a dívida só aumenta. Esse tipo de cobrança tem sido reconhecido como ilícito pelo judiciário”, comenta.

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