No centro da cidade de São José dos Campos a Capela de São Benedito guardava um mistério que durante muito tempo intrigou os moradores da cidade. De acordo com a lenda um corpo estaria enterrado entre as paredes do prédio (Confira reportagem abaixo).
Em 2010 o mistério foi revelado. Durante um processo de restauro da capela a ossada de um homem foi encontrada em uma das paredes da igreja. Os ossos seriam do Capitão Miguel de Araújo Ferraz e estavam enterrados em um caixote próximos do altar.
Uma das integrantes da equipe de restauração, a arquiteta Sônia Di Maio, localizou a ossada na igreja.
“ Quando eles foram abrir e iniciar a rachadura da lateral do altar eu estava aqui na capela e eu fui olhar junto. Na hora que estava abrindo a gente viu uma madeira que parecia um caixote e isso já foi diferente, então pedi para parar e olhar com calma. Ao me aproximar com o celular já deu para perceber e eu fiquei assim: não é possível é o capitão! É o capitão! No nosso imaginário sempre teve a história de um senhor ter sido enterrado aqui nas paredes da igreja”, conta a arquiteta.
Segundo Sônia, as fitas brancas e amarelas que estavam na caixa com a ossada simbolizam santidade, por isso, a suspeita é de que os ossos seriam do capitão Miguel de Araújo Ferraz, um benfeitor da igreja católica na época:
“A história que nós temos era de um senhor que era um alferes, é tipo um soldado, um tenente militar ligado à cidade. Ele estaria envolvido com o desenvolvimento da cidade e tinha um poder aquisitivo e era muito ligado à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, ele fazia benfeitorias, doações de recursos financeiros e, por tanto envolvimento, ao falecer ele recebeu o direito de ser enterrado ao redor da capela”
Capitão Miguel de Araújo Ferraz
Segundo reportagem publicada no UOL, um livro histórico de 1934, chamado “O Albúm de São José”, cita a demolição da igreja de nossa senhora do rosário, em 1879, e a primeira descoberta do corpo: "no fundo do corredor, ao lado da nave, estava a sepultura do Sr. Cap. Miguel de Araújo Ferraz [...]. com a demolição da igreja, tratou-se da remoção dos despojos, para o que foi aberto o túmulo, encontrando-se o corpo mumificado e tendo os cabelos em perfeito estado".
O fato assombrou a cidade, que logo atribuiu a Miguel o status de santidade. O corpo foi levado então para a igreja de são benedito, recém-construída e que agregaria membros das irmandades de nossa senhora do rosário e de são benedito.
O corpo foi sepultado em pé, entre duas paredes. Devido à umidade do corpo na taipa, era possível notar os contornos de sua silhueta, e para dissipar a má impressão, a família Araújo Ferraz resolveu cimentar e pintar tudo.
Na primeira vez em que foi enterrado, o corpo passou por um processo para preservar sua integridade por mais tempo. entretanto, devido ao contato com o ar no traslado entre as capelas para o segundo sepultamento, a "mumificação" perdeu seu efeito inicial.