A Zona Oeste do Rio registra aumento em todos os indicadores de violência armada neste ano. Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado revela que a região teve alta nos registros de mortos e feridos em tiroteios, chacinas e operações policiais entre os meses de janeiro e outubro.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o número de mortos a tiros mais do que dobrou na região. Em 2023, 248 pessoas morreram, 127% a mais do que os 109 registros de 2022. O coordenador do Instituto Fogo Cruzado no Rio, Carlos Nhanga, destaca que o conflito entre as facções criminosas é um problema antigo na Zona Oeste, mas se intensificou a partir de 2021.
"Historicamente, a Zona Oeste tem um predomínio miliciano. Diversas milícias, ano após ano, já dominaram completamente a Zona Oeste, mas depois de 2021, com a morte do miliciano Ecko, então líder da maior milícia da região, houve uma reconfiguração na disputa do crime organizado. Então, quem decide quando a Zona Oeste vai estar mais calma ou mais perigosa é o próprio crime organizado que atua na região".
O número de tiroteios também aumentou na região. Já são mais de 730 neste ano. No mesmo período do ano passado, foram 475, uma alta de 55%. O levantamento registra, ainda, aumento no número de ações policiais. Entre janeiro e outubro de 2023, são 226 operações, frente a 117 no mesmo período de 2022, um crescimento de 93%.
O coordenador do Instituto Fogo Cruzado no Rio, Carlos Nhanga, defende que o trabalho de combate ao crime organizado por parte das forças de segurança não tem sido eficaz:
"As milícias e facções do tráfico, com o passar do tempo, mudaram suas dinâmicas de atuação. Eles se articularam, mudaram sua forma de atuar, enquanto o Estado tem uma única solução para diferentes problemas, que são ações e operações policiais cada vez mais letais que continuam não apresentando resultado. Os ataques do Estado se resumem a indivíduos e não à estrutura do crime organizado".
O relatório divulgado nesta terça-feira (24) apresenta, ainda, dados de chacinas policiais em 2023. Neste ano, 28 pessoas morreram, número mais que nove vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando apenas três mortes foram registradas.
Na segunda-feira (23), 35 ônibus foram incendiados, além de uma cabine de trem e uma estação de BRT, após a morte de Matheus da Silva Rezende, sobrinho do miliciano Zinho e considerado o segundo na hierarquia da milícia na região, em uma ação da Polícia Civil.