Fórmula 1

Trabalho, disputa e amizade: Caio Collet explica a rotina na academia da Alpine

Integrante do projeto desde 2019, brasileiro fala de relação com outros pilotos e trabalhos nos bastidores

Emanuel Colombari e Pedro Lopes

Caio Collet, integrante da academia da Alpine na Fórmula 1
Caio Collet, integrante da academia da Alpine na Fórmula 1
Alpine F1/Divulgação

A temporada 2022 é a quarta de Caio Collet como integrante da Alpine Academy. Desde que chegou em 2019, contou com o apoio da Renault para trilhar seu caminho até a Fórmula 1.

Os resultados vieram: vice-campeão da Fórmula Renault em 2020, chegou à FIA Fórmula 3 (antiga GP3) em 2021, e vai para a segunda temporada na categoria. Ao mesmo tempo, sabe que a confiança da equipe demanda trabalho e evolução.

“Sempre tem alguém olhando você, como você faz, dentro e fora da pista. Acho que isso, nos três anos passados, sempre teve alguém me avaliando. Fora da pista, cada vez que você sobe um degrau, eles colocam mais coisa para você fazer”, explicou o piloto paulistano, em entrevista à Band.

“Ano passado, eu não fazia quase nenhum trabalho no simulador. Neste ano, como eu estou evoluindo, subindo poucos degraus, eles me colocam um pouco mais de simulador de Fórmula 1, para trabalhar um pouco mais de engenheiro, acompanhar um pouco mais as corridas. Em algumas das corridas, eu vou estar dentro da fábrica acompanhando o fim de semana inteiro. Isso eles vão colocando conforme você vai subindo os degraus, e é uma coisa bem legal. Esse ano, minha agenda vai estar um pouco mais completa que no ano passado”, acrescentou.

Amigos e rivais

Em 2022, o projeto da Alpine conta com quatro pilotos. Além de Collet, o francês Victor Martins (da FIA Fórmula 3), o australiano Jack Doohan e o britânico Olli Caldwell (ambos da Fórmula 2) estão no programa. Embora companheiros na academia, os quatro muitas vezes são adversários nas competições, o que às vezes vira um obstáculo.

“Cada um dos pilotos juniors é de diferentes equipes. Eles (equipe) não podem influenciar muito, colocar um engenheiro (de outro piloto) para trabalhar com você. Até porque a maioria dos pilotos é de diferentes equipes em categorias de base, então pode acontecer algum conflito de interesse, alguma coisa assim. Mas eles colocam sempre alguém dentro da pista para te avaliar, como você trabalha, como você se comunica com o engenheiro, como você se comporta dentro da pista”, explicou.

Dos quatro, Victor Martins é o mais experiente no projeto, no qual entrou em 2018, com uma temporada de fora em 2020. Doohan e Caldwell são os novatos: entraram em 2022, após as saídas de Oscar Piastri e Guanyu Zhou. E embora Collet garanta que os mais recentes são bem recebidos, reconhece que os experientes contam com uma certa hierarquia a favor entre os integrantes.

“Eu e o Victor, a gente está há muito tempo na academia, então a gente é um pouquinho mais respeitado (risos). No training camp que tem, vamos supor, a gente pega o melhor quarto, consegue brincar um pouco mais”, explicou o brasileiro.

“Mas de coisa séria, a gente recebe eles muito bem. Cada um tem o seu contrato, cada um tem o seu objetivo durante o ano. A gente estar na mesma academia não tira o fato de a gente estar competindo um contra o outro - porque no final, só tem um lugar. A gente é muito amigo, mas a gente sabe que, no final só tem um lugar”, completou.

Colega de apartamento

Foi na Alpine Academy que Caio Collet se tornou amigo do australiano Oscar Piastri, integrante do projeto em 2020 e 2021.

Piloto reserva da Alpine na Fórmula 1 em 2022, Piastri colecionou títulos nos últimos anos: Fórmula Renault em 2019, FIA Fórmula 3 em 2020 e Fórmula 2 em 2021. Chegou a ser cotado para uma vaga na Alfa Romeo, mas o posto foi para o chinês Guanyu Zhou, também ex-participante do projeto da Renault e terceiro colocado na temporada 2021 da F-2.

Para Collet, a falta de vaga para o australiano no grid da Fórmula 1 é “um fato bem desagradável”, mas não pode ser encarado como um revés. Como piloto reserva da Alpine em 2022, o amigo deverá ter a chance de continuar evoluindo, de olho em um assento para 2023.

“Ele ganhou tudo nos últimos três anos. Particularmente, gosto muito dele - a gente mora junto faz dois anos na Inglaterra, eu divido apartamento com ele. Consegui acompanhar de perto tudo que ele vinha fazendo. Ele ganhou Fórmula Renault, Fórmula 3, Fórmula 2, tudo seguido. Acho que ele era mais do que merecedor de ter uma vaga na Fórmula 1 neste ano”, disse Collet.

“Mas também ele não está reclamando muito, para falar a verdade. Logico que ele está um pouquinho desapontado, mas neste ano ele tem bastante coisa para fazer. Como piloto reserva, acho que ele consegue ganhar bastante experiência e chegar bem mais preparado para 2023, se ele conseguir uma vaga. Tenho uma relação muito boa com ele. Lógico que ele está um pouquinho desapontado, mas não está muito triste, não”, acrescentou.

Ao longo de 2022, Oscar Piastri deve ser figura presente em várias corridas do lado de fora da pista. A tendência, segundo Caio Collet, é que o australiano tenha muito trabalho no simulador da Alpine e seja nome forte no mercado para o próximo ano.

“Acho que esse ano ele tem um papel muito importante dentro da equipe, de piloto reserva. Ele também está fazendo a maioria dos dias de simulador, então ele consegue se preparar muito para o ano que vem. Acho que isso é uma coisa que ele conseguiu levar muito em consideração, então por isso ele vai se desenvolver bastante neste ano e chegar bem mais preparado do que se ele entrasse agora. Acho que isso é uma coisa boa, então estou feliz por ele”, analisou.

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