Histórias, personagens e curiosidades de Paulo Guilherme Guri, um apaixonado por Copa e que aprendeu a ver o futebol por trás do gol
Se o Vasco é conhecido como Gigante da Colina, deve muito a Roberto Dinamite. Este sim era um gigante. É o ídolo que todo clube gostaria de ter, que se confunde com a própria história do clube. Impossível pensar no Vasco sem pensar em Dinamite. E vice-versa. O homem de 1,86 metros era também de um coração enorme. Semana passada ele, mesmo com os problemas enfrentados no tratamento contra o câncer, já com o corpo bem diferente do homem forte que o futebol aprendeu a ver, postou uma mensagem pela perda de Pelé.
Roberto Dinamite amava muito o futebol. No ano passado ele relatou o que o futebol representou para ele:
""Hoje no dia do futebol, venho agradecer todas as alegrias e momentos únicos que ele me proporcionou. Realizei um sonho de menino, onde minha realidade era outra, onde ser um jogador era algo muito distante. Mas o futebol é mágico e contagiante, nos faz querer sempre mais, sempre dar o melhor que nós temos, e eu fiz! Me doei, me entreguei e por isso minha eterna gratidão por todas as conquistas que esse esporte me deu. Feliz dia da maior paixão mundial!"
Roberto foi jogador, artilheiro, campeão, dirigente e chegou a ser presidente do Vasco. Só saiu do clube por um ano, para uma breve e frustrante passagem pelo Barcelona. Voltou rapidinho e, na primeira partida do retorno, em 1980, matou a saudade dos gols no Maracanã ao fazer cinco na histórica goleada sobre o Corinthians por 5 a 1.
Foram 1.110 jogos e 708 gols pelo Vasco em 21 anos como jogador do clube. Roberto Dinamite era a explosão da torcida vascaína nas arquibancadas do Maracanã. Era o cara capaz e fazer frente com sua força e determinação ao talento de Zico, do arquirrival Flamengo. Para Dinamite, não havia bola perdida.
Roberto Dinamite artilheiro
- Vasco: 702 gols
- Campeonato Brasileiro: 190 gols
- Campeonato Carioca: 284 gols
- São Januário: 184 gols
Roberto é o maior artilheiro do Campeonato Brasileiro com 190 gols e do Campeonato Carioca com 284 gols.
Ele nasceu no bairro São Bento, em Duque de Caxias, e começou a jogar no Esporte Clube São Bento. Foi ainda adolescente para o Vasco, ganhou massa muscular e virou um centroavante incapaz de ser parado. Uma máquina de fazer gols. Tanto sucesso lhe valeu uma transferência ao Barcelona em 1979, coisa rara naquela época. Não se deu bem com os treinadores estrangeiros e ficou pouco. Azar do “Barça”. Roberto é Vascão.
Na Seleção Brasileira, Roberto Dinamite não teve o espaço que sua trajetória merecia. Jogou a Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Começou como reserva de Reinaldo, outro craque. Entrou no time ainda na primeira fase e resolveu o problema do ataque do Brasil. Fez o gol da vitória contra a Áustria e, na segunda fase, mais dois gols na vitória sobre a Polônia, depois de várias bolas na trave.
Na Copa de 1982, foi convocado por Telê Santana para o Mundial da Espanha mas ficou na reserva de Serginho Chulapa. Não jogou nenhuma partida.
Quando Roberto Dinamite fez seu jogo de despedida, em um amistoso entre Vasco e Deportivo La Coruña, Zico vestiu a camisa do Vasco, algo jamais imaginado. Era um respeito mútuo gigante.
Roberto Dinamite morreu neste domingo (8), aos 68 anos, após lutar contra um câncer no intestino.
