Acabou a Copa do Mundo do Catar, com a Argentina campeã, recorde de gols (172) e a coroação de Messi como o grande nome do futebol. Mais uma Copa em que o Brasil perde para suas próprias limitações e não passa das quartas de final. A boa notícia é que o futebol europeu não é tão imbatível assim. O título da Argentina e a boa campanha de Marrocos mostraram que é possível furar esta bolha movida pela força do dinheiro.
Listei aqui o que considerei como melhores e decepções nesta Copa.
Atenção: esta não é a premiação oficial da Fifa!
Melhor jogo
Argentina 3 x 3 França (4 a 2 nos pênaltis)
Foi a melhor final da história das Copas do Mundo. Um jogo que vale a pena rever com calma e analisar todos os seus aspectos: tático, emocional, individual e coletivo. Foi a síntese do futebol moderno, jogo com intensidade, velocidade e muita técnica. Os dois treinadores o tempo todo buscando alternativas para sair da armadilha preparada pelo adversário. Uma partida assim, só poderia terminar com um empate repleto de gols. Foi histórico.
Pior jogo
Dinamarca 0 x 0 Tunísia
A seleção dinamarquesa foi uma decepção e nada trouxe de interessante nesta Copa. Começou com um 0 a 0 contra a fraca equipe da Tunísia. A Copa, aliás, teve sete jogos que terminaram sem gols, Ainda bem que a final compensou esse triste recorde.
Maior zebra (jogo)
Argentina 1 x 2 Arábia Saudita
A virada da Arábia Saudita sobre a Argentina foi sem dúvida a grande zebras dessa Copa. Outros jogos que chamaram a atenção foram a vitória do Japão sobre a Alemanha e da Tunísia sobre a França que, neste caso, jogou com os reservas.
Melhor jogador
Messi (ARG)
Foi a consagração do camisa 10 da Argentina aos 35 anos. Comandou o time com uma liderança exemplar e foi decisivo sempre.
Melhor time
Argentina
Quem diria que aquela equipe que desligou no segundo tempo da estreia contra a Arábia Saudita se tornaria um time conectado nos 220v? Foi quase um empate técnico com a França, mas, pela força de superação, a Argentina se saiu melhor do que a França, que já era campeã.
Maior decepção
Bélgica
A geração belga envelheceu mal. Fez uma Copa inexpressiva, como nos velhos tempos em que a Bélgica nunca dizia a que tinha vindo. A Alemanha também decepcionou, mas a Alemanha já era uma decepção.
Gol mais bonito
Richarlison (BRA)
O golaço de Richarlison contra a Sérvia, um voleio incrível, deve levar o prêmio de gol mais bonito da Copa.
Gol mais importante
Mbappé (FRA)
O gol de empate da França contra a Argentina na final da Copa foi ao mesmo tempo lindo e importante, de um jogador que sabe ter a calma na hora de finalizar. Não foi tão plástico como o de Richarlison, mas foi um voleio sensacional também.
Defesa mais bonita
Lloris (FRA)
A defesa do goleiro francês Hugo Lloris, de mão trocada, no chute de Messi no final do tempo normal da decisão foi magnífica.
Defesa mais importante
Emiliano Martinez (ARG)
O reflexo do goleiro Emiliano Martinez no último lance da prorrogação, abrindo as pernas para defender com os pés o chute de Kolo Muani, valeu o título. Foi a defesa da Copa.
Melhor técnico
Lionel Scaloni (ARG)
Scaloni teve humildade para se cercar de uma comissão técnica de notáveis (os ex-jogadores Walter Samuel, Pablo Aimar e Roberto Ayala), mudou o time a cada jogo de acordo com o adversário, controlou o nervosismo dos mais novos, evitou estrelismo e soube fazer a Argentina jogar com o coração.
Pior técnico
Tite
Convocou mal, muitos jogadores para a mesma função e pouca variação tática de acordo com os jogadores que tinham. As substituições eram quase sempre “seis por meia dúzia”. Colocou todos os reservas de uma vez contra Camarões e acabou por queimar até quem vinha jogando bem, como Bruno Guimarães e Anthony. Insistência com Paquetá e Rafinha. Desorganização tática em um jogo que estava vencendo. Mas tudo isso poderia ser esquecido. Bastava ter colocado Neymar para cobrar o primeiro pênalti. O Brasil terminou em 7º lugar, pior do que em 2018, quando ficou em 6º. Marcou menos gols e colocou para a história uma derrota para a inexpressiva seleção de Camarões. E, para piorar: Tite não ficou no campo apoiando os jogadores que choravam após a derrota nos pênaltis; e a Argentina foi tricampeã, preparando a zoeira para os próximos anos.
Seleção da Copa
Emiliano Martinez (ARG)
Fez defesas decisivas nos jogos contra Austrália e França, pegou pênaltis e colocou medo nos atacantes. Finalmente a Argentina volta a ter um grande goleiro. A Copa teve outros craques nesta posição, como Lloris (França), Livakovic (Croácia), Bounou (Marrocos) e Szczesny (Polônia).
Hakimi (MAR)
O lateral Hakimi fez uma Copa espetacular e foi um dos destaques de Marrocos na campanha do quarto lugar no Mundial. Outros laterais que se destacaram foram Juranovic (Croácia) e Kunde (França).
Romero (ARG)
Pela atuação na final, Romero merece um lugar no time da Copa. Teve uma atuação segura ao longo do Mundial. Outros zagueiros de destaque foram Varane (França) e Thiago Silva (Brasil)
Upamecano (FRA)
Zagueiro seguro e firme, Upamecano deve liderar a defesa da França nas próximas competições. outros zagueiros que se destacaram nesta posição foram Gvardiol (Croácia) e Van Dijk (Holanda).
Theo Hernandez (FRA)
Apesar de um mau primeiro tempo na final, Theo Hernandez cumpriu bem a missão de substituir o irmão Lucas Hernandez nesta Copa e fez um belo Mundial. Outros laterais de destaque foram Tagliafico (Argentina) e Blind (Holanda).
Enzo Fernandez (ARG)
Foi o jogador revelação desta Copa e cotado para ser um novo maestro da Argentina depois que Messi se aposentar de vez. Outros volantes de destaque foram Tchouameni (França), Casemiro (Brasil), Kovaric (Croácia) e Amrabat (Marrocos).
De Paul (ARG)
O pitbull da Argentina foi o cão de guarda de Messi e segurou toda a bronca e teve fôlego para ligar o meio-de-campo ao ataque. Outro destaque nesta posição foi Rabiot, da França.
Modric (CRO)
Luca Modric comandou a Croácia com muita precisão jogando mais recuado e armando o time a partir do campo de defesa. Se despede das Copas aos 37 anos com uma atuação de gala. Outro que foi muito bem nesta função foi Griezmann, da França.
Messi (ARG)
Foi o grande camisa 10 desta Copa. Messi soube encontrar todos os espaços possíveis no campo para comandar a Argentina à conquista do título. Outros destaques nessa posição foram Neymar (Brasil) e Saka (Inglaterra).
Alvarez (ARG)
O jovem centroavante argentino cresceu muito ao longo da competição e teve participação fundamental na campanha da seleção tricampeã. Outros destaques da posição foram Giroud (França), Memphis Depay (Holanda), Valencia (Equador) e Richarlison (Brasil)
Mbappé (FRA)
Craque de bola, maduro, veloz, com um chute quase impossível de se defender, perfeito nas cobranças de pênalti. Só faltou o título para ser o grande nome dessa Copa. Mas será o cara do futebol mundial com as aposentadorias de Messi e Cristiano Ronaldo. Outros destaques nesta posição: Gapko (Holanda), Rashford (Inglaterra) e Vinicius Júnior (Brasil).