O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, anunciou nesta quinta-feira (30/05) um novo pacote de armas para a Ucrânia no valor de 500 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões).
O comunicado foi feito por Pistorius ao lado de seu homólogo, o ucraniano Rustem Umerov, durante visita não anunciada à cidade portuária de Odessa. Segundo ele, parte do material já está para ser entregue.
Esta é a terceira ida dele ao país desde o início da invasão russa, em 2022. A viagem ocorre em meio a uma nova ofensiva de Moscou no nordeste da Ucrânia, combinada com pesados ataques aéreos.
Uma das maiores demandas do presidente ucraniano Volodimir Zelenski é a disponibilização, por parte de países aliados, de mais munição para sistemas de defesa aérea.
"Continuaremos a apoiá-los nesta campanha defensiva", disse Pistorius durante reunião com Umerov. Este, por sua vez, voltou a reforçar os pedidos de Zelenski: "Nossos parceiros devem nos fornecer armas para que possamos empurrar o inimigo para trás das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia", afirmou Umerov.
Munições para sistema de defesa aéreo
O pacote de ajuda militar inclui munição para o sistema de defesa aérea de médio alcance IRIS-T SLM – capaz de repelir mísseis a até 20 quilômetros de altitude e 40 quilômetros de distância –, além de mísseis de curto alcance SLS.
Também serão fornecidas peças de reposição e canos de substituição para os sistemas de artilharia, bem como um milhão de munições para armas pequenas.
Pistorius sobre uso das armas: "Não se pode discutir tudo em público"
Em entrevista à TV alemã ARD, Pistorius evitou confirmar se as armas enviadas pelo Ocidente podem ser usadas pela Ucrânia para atingir alvos na Rússia – uma tecla na qual Kiev vem batendo.
À ARD, Pistorius argumentou que o Direito Internacional permite o uso dessas armas, mas que nem tudo pode ser discutido em público: "No fim das contas, a Ucrânia decide em comum acordo com seus parceiros o que vai ou não fazer."
A questão está sendo debatida por países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que se reuniram nesta quinta-feira em Praga, e o secretário-geral da entidade Jens Stoltenberg, assim como a França, apoiam a medida; Estados Unidos e Alemanha – os dois maiores aliados de Kiev –, porém, têm até agora evitado declarações claras nesse sentido.
Segundo agências de notícias, o presidente americano Joe Biden autorizou a Ucrânia a usar armas fornecidas por Washington para atacar alvos militares na Rússia, desde que esses ataques sejam para defender a cidade de Kharkiv.
As tropas ucranianas na linha de frente continuam a sofrer com a escassez de munição após a demora de mais de seis meses do Congresso americano em aprovar um pacote de ajuda crucial no valor de 61 bilhões de dólares (R$ 317,46 bilhões, o equivalente a mais de 5% do Orçamento brasileiro para o ano de 2024).
O dinheiro acabou sendo liberado em abril, mas armas e munições ainda não chegaram em grande número às linhas de frente ucranianas.
A Alemanha é o segundo maior fornecedor de armas a Kiev, atrás apenas dos Estados Unidos.
ra (AFP, dpa, ots)