Tão logo o presidente Biden e o premiê Netanyahu encerraram a conversa de 50 minutos, acompanhada pela vice Kamala Harris, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, comentou, sobre o ataque retaliatório preparado contra o Irã:
“Nosso ataque será mortal, preciso e, acima de tudo, surpreendente”.
Gallant não estava na sala em que Netanyahu falou com Biden pela primeira vez em seis semanas. Ele tinha ido visitar a Unidade 9900 da Divisão de Inteligência, que coleta inteligência visual do Irã, Líbano, Síria, Iêmen, Iraque e outros países. “Vemos exatamente, e de uma forma muito, muito focada, qualquer lugar que queremos”. Sobre a retaliação ao Irã pelos 181 mísseis balísticos disparados contra Israel, em 1º de outubro, ele acrescentou: “Eles não entenderão o que aconteceu e como aconteceu, eles verão os resultados”.
Na ligação por linha segura, do lado israelense, estavam o ministro de Assuntos Estratégicos Ron Dermer, o conselheiro político do primeiro-ministro Ophir Falk, o vice-diretor do Conselho de Segurança Nacional Gil Reich, o chefe da Divisão de Política Externa do Conselho de Segurança Nacional, Joseph Drazanin, e o secretário militar Roman Goffman. Do lado americano, além da vice Harris, estava o secretário de Estado, Antony Blinken.
Nesta quarta-feira pairava no ar muita tensão entre duas duplas – Biden/Netanyahu e Netanyahu/Gallant. A dos dois líderes não se dissipou depois da conversa. Os americanos não foram informados do ataque que matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e só souberam de outras ações no momento em que aconteciam. Há uma certa desconfiança sobre o que Israel fará no Irã que não foi combinado, com os Estados Unidos recomendando que sejam poupadas as instalações petrolíferas e nucleares. No livro do veterano jornalista Bob Woodward, “Guerra”, que será lançado na semana que vem, Biden muitas vezes chama Netanyahu de mentiroso e de outros nomes.
Com Gallant, seu ministro da Defesa, Netanyahu tem problemas pessoais faz tempo. Já o demitiu, tendo que o readmitir depois, tantos foram os protestos. Na terça-feira, ontem, ele bloqueou uma viagem que Gallant faria a Washington, a convite do secretário da Defesa Lloyd Austin. A justificativa passada à imprensa foi a de que Netanyahu queria ser o primeiro a informar o governo americano sobre os planos para o Irã. Fala-se também de um certo ressentimento por Gallant ter se tornado o preferido interlocutor israelense para a Casa Branca.
Não vazou nenhuma informação sobre quando e como será desfechado o ataque ao Irã. Mas agora, com o telefonema entre Biden e Netanyahu, ele poderá começar a qualquer momento.