A tensão crescente entre Israel e o grupo libanês Hisbolá aumenta a preocupação com uma expansão da guerra no Oriente Médio.
Na quarta-feira (27/12), cidades do norte de Israel registraram os mais graves bombardeios desde o início do atual conflito na região, em 7 de outubro, conforme o jornal The Times of Israel. Segundo a polícia, os ataques reivindicados pelo Hisbolá- grupo financiado pelo Irã - danificaram vários edifícios na cidade fronteiriça de Kiryat Shmona, mas não houve feridos.
No mesmo dia, na pior escalada desde a segunda Guerra do Líbano (2006), bombardeios israelenses no sul do país mataram três pessoas, uma delas um combatente do Hisbolá, conforme a agência de notícias libanesa NNA.
Chefe do Estado-Maior de Israel, Herzi Halevi declarou, durante visita ao comando do Exército no norte do país, que suas tropas estão em "alerta muito alto" ante as agressões cada vez mais frequentes da milícia xiita pró-Irã.
"Hoje aprovamos uma série de planos para várias eventualidades, e devemos estar prontos para agir, se necessário", disse Halevi.
"Líder do Hisbolá é o próximo", diz ministro israelense
Diante dos confrontos entre o Hisbolá e as tropas israelenses na fronteira com o Líbano, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, instou a milícia a respeitar um cessar-fogo mediado pela ONU em 2006 que preconiza a retirada dos combatentes da região de fronteira, dizendo prezar pela via diplomática, mas que "se isso não funcionar, todas as opções estão na mesa".
Segundo Cohen, o líder do grupo xiita, Hassan Nasrallah, "precisa entender que ele é o próximo".
Por precaução, as autoridades israelenses evacuaram dezenas de milhares de moradores do norte do país no início da guerra no Oriente Médio – o Hisbolá é considerado uma organização muito mais fortemente armada do que o Hamas, grupo radical islâmico que controla a Faixa de Gaza. Ambos são classificados como organizações terroristas por diversos países do Ocidente.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, deve viajar novamente à região na próxima semana, segundo o portal de notícias Axios. Se confirmada a informação, será a quinta visita desde o início da guerra, incluindo uma a a Israel.
Dezenas de civis mortos em Gaza na véspera de Natal
Após ataques graves a um campo de refugiados na Faixa de Gaza na véspera de Natal, as forças israelenses lamentaram os "danos a civis não envolvidos" e afirmaram estar trabalhando para tirar lições do ocorrido.
Em 24 de dezembro, mais de 70 pessoas foram mortas em ataques aéreos no campo de Al-Maghasi, de acordo com autoridades locais ligadas ao Hamas. Relatórios da ONU mencionam até 86 vítimas.
Citando uma fonte militar não identificada, o canal de TV israelense Kan informou que as investigações iniciais indicaram o uso de munição inadequada no ataque a Al-Maghasi, o que causou danos significativos no entorno.
OMS: Dezenas de milhares buscam abrigo em hospitais
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou na quarta-feira que cerca de 50 mil pessoas se aglomeravam no hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, em busca de abrigo; no Al-Amal, no sul da Faixa de Gaza, eram 14 mil pessoas. Os números não puderam ser verificados de forma independente pela DW, mas o órgão diz se basear em informações fornecidas por equipes presentes na região. A delegação, junto com representantes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e de outra organização, conseguiu levar suprimentos para os hospitais, de acordo com o comunicado.
Após dominar o norte de Gaza, as forças israelenses passaram a se voltar contra o sul do enclave palestino, expandindo sua atuação na cidade de Khan Yunis, segundo o porta-voz do Exército, Daniel Hagari. "Enviamos hoje outra brigada para esta área e continuamos a operar lá com novos métodos de guerra acima e abaixo da terra", disse, referindo-se à rede de túneis do Hamas.
A guerra no Oriente Médio foi deflagrada em 7 de outubro, após integrantes do Hamasinvadirem Israel e matarem aproximadamente 1.200 pessoas e sequestraram outras cerca de 240. Israel respondeu com bombardeios intensos e uma ofensiva terrestre. No lado palestino, fontes ligadas ao Hamas afirmam que mais de 21,3 mil pessoas foram mortas desde então.
ra/le (DPA, AFP, AP)