As poucas chuvas que caíram no mês de novembro aumentaram o alerta nos níveis de reservatórios que abastecem a Grande São Paulo. Apesar do risco menor, especialistas acreditam que se a estiagem continuar poderemos ter problemas de abastecimento no ano que vem.
A chuva que ajudaria a encher os reservatórios ficou abaixo da média em todos os mananciais que abastecem a Região Metropolitana. No Cantareira, o déficit foi de 25% já no sistema Rio Claro chegou a 56% e a quase 80% no São Lourenço. Juntos, os sete reservatórios fornecem água para 21 milhões de pessoas. O principal deles é o Cantareira, que opera hoje com 26% da capacidade.
Os temporais da primavera podem dar a impressão de que está caindo água nos reservatórios, mas muitas vezes são chuvas isoladas, que não acontecem onde deveriam: na cabeceira dos rios que abastecem os reservatórios, a maioria fica no sul de Minas Gerais.
Mesmo quando caem no lugar certo, demora para fazerem a diferença no nível dos mananciais. Isso porque as primeiras chuvas da primavera são absorvidas pelo solo seco.
“Essa água que vai cair ela pode não ser o suficiente para gente ter níveis tão altos que façam a gente passar um inverno confortável. Porque a água que cai no verão acaba acumulando e a gente usa ela no inverno nas nossas casas. Se não chover o suficiente no verão a gente vai ter um próximo inverno e um começo de primavera com problema no abastecimento”, explica a meteorologista Ana Clara Marques.
Atualmente, o volume total dos reservatórios está 14% abaixo do que em 2013, ano anterior à crise hídrica, mas mesmo assim, o risco de desabastecimento é menor.
“Apesar da condição parecida com 2013, o hoje o sistema Cantareira é muito mais robusto. Ele passou por várias obras [de infraestrutura] que acabaram deixando o sistema muito maior e muito mais forte também. Não dá para descartar, por causa da previsão de chuva abaixo da média, mas apesar disso o risco é realmente muito mais baixo que 2013”, afirma a meteorologista.