O brasileiro teve uma redução na renda média individual de 9,4%, em comparação com o fim de 2019, segundo uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgada nesta quinta-feira (9).
O estudo mostra que principalmente mais da metade mais pobre da população viu a renda per capita cair 21,5%. Enquanto isso, os 10% mais ricos tiveram uma redução de cerca de 7% da renda individual no mesmo período.
Os principais motivos apontados para a queda na renda dos brasileiros são o aumento do desemprego e do desalento, a desistência de procurar trabalho. A aceleração da inflação e a redução da jornada de trabalho também puxaram para baixo a remuneração dos trabalhadores.
Um dos grupos mais atingidos foi o dos idosos, com uma perda de 14%, já que boa parte precisou se retirar do mercado de trabalho devido à maior fragilidade durante a pandemia. O estudo também destaca a queda de quase 16% na renda dos cônjuges que fizeram jornada dupla, trabalhando e cuidando dos filhos.
O economista e diretor do FGV Social, Marcelo Neri, explica que o país passa por um momento de estagflação, com um cenário de estagnação econômica e inflação em alta.
O levantamento revela que a inflação ajudou a impulsionar a desigualdade. Enquanto o preço dos produtos consumidos pelos mais ricos aumentou 7% em um período de 12 meses, a inflação dos mais pobres chegou a 10%.
Também houve crescimento no número de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. Antes da pandemia, um em cada 10 brasileiros viviam com menos de R$ 261. Durante a distribuição do Auxílio Emergencial de R$ 600, esse número caiu para menos de 5%, mas chegou a cerca de 13% em abril deste ano.