Eu estava lá, naquela reunião, o ministro Fernando Henrique e a equipe do Real, convocada por ele, com alguns poucos jornalistas convidados que ouviriam, pela primeira vez, sobre a URV — a novidade que seria então anunciada ao país, há 30 anos.
Em pouco tempo, a compreensão de que, daquela vez, o combate à inflação iria funcionar já havia crescido. E uma nova fase — a da moeda estável — começou a mudar o dia-a-dia do brasileiro. A ansiedade, no começo, era enorme — alimentada pela memória de 7 planos fracassados — 46% de inflação no último mês antes do plano. Que era novidade total.
Nada parecido tinha sido feito no mundo. O Brasil não tinha moeda e ganhou uma. Autêntica conquista civilizatória. A luta não foi fácil para pôr o plano na rua. O Real, de fato, ficou se acertando durante todos os 8 anos do governo FHC. E os desafios, de fato, nunca deram trégua total.
Hoje, depois desses 30 anos, estamos vendo aí a questão fiscal, com seu componente mais problemático, o corte de gastos. E o maior de todos, que continua atual — e que vi agora os pais do Real, reunidos, lembrando, lembrando que esse desafio estava na raiz do plano, anunciado no seu início: a distribuição de renda e a redução da desigualdade.