O presidente Lula, quando estuda um veto parcial ao projeto do Marco Temporal, ele está basicamente tentando um diálogo eficiente com um Congresso onde predominam, em várias áreas, posições diferentes e muitas contrárias às do governo. A possibilidade de veto ou vetos e seu alcance já estão sendo avaliados pelos representantes ruralistas. 

Esses vetos podem ser derrubados no Congresso, claro. Mas também pode ter negociação aí. E, pode até vir uma PEC depois. Vamos ver. O fato é que conviver com um Congresso de maioria conservadora em vários níveis, tem uma gradação nisso -  que representa grandes setores da sociedade, críticos ao governo e sua agenda - exige muita competência política e capacidade de recuar em algumas coisas para poder avançar em outras. 

É buscar o caminho possível. O que não impede as reações inevitáveis de grupos radicais dos dois lados, que estarão sempre rosnando para acordos que nascem de concessões e recuos, como é da natureza da democracia. Um desafio permanente - também dentro de um governo de frente ampla - diante de muitos e variados temas. Não é fácil, mas é a política.