"Tempos de ruptura democrática já vão longe", diz Mitre ao relembrar golpe de 64

Por Fernando Mitre

O belo evento, neste 13 de março, organizado pela ABI, acompanhado de competente pesquisa histórica, provoca uma reflexão sobre um episódio que pode ter sido o último empurrão para o golpe de 64. Faz 60 anos e eu estava lá, na cobertura do comício da Central, ao lado de colegas que, há algum tempo, não vejo mais. O meu olhar de foca, repórter iniciante, não me impediu de prever que as forças anti-Jango iam ganhar o jogo, vendo naquele comício algo como o último pretexto. 

Eram forças conhecidas desde 45, quando Getúlio foi derrubado, as mesmas que levaram Getúlio ao suicídio, em 54, as que tentaram impedir a posse de JK, em 55, que só aceitaram Jango, em 61, com o parlamentarismo, até que em 64 se impuseram. Ali os sinais do golpe se tornavam claros. 

As condições ajudavam. Nada parecido com outros momentos, como nos últimos tempos, quando alguns desejaram e tantos temeram um golpe que nunca teve qualquer condição objetiva de se impor. A eterna vigilância é sempre necessária, mas os tempos de ruptura democrática já vão longe. Que fiquem por lá.

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