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CPI aponta que motoboy da VTCLog fez pagamentos para ex-diretor da Saúde

Imagens mostram Ivanildo Gonçalves em agências e comprovantes de operações feitos para Roberto Dias

Da Redação, com BandNews TV

Comprovante pago por motoboy da VTCLog exibido na CPI do Senado
Comprovante pago por motoboy da VTCLog exibido na CPI do Senado
Pedro França/Agência Senado

Na sessão desta terça-feira (31), os senadores da CPI da Pandemia exibiram imagens das câmeras de segurança de uma agência bancária. As imagens mostram que o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, da VTC Operadora Logística (VTCLog), esteve no local no horário em que foram pagos boletos do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias.

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou durante a sessão que Comissão Parlamentar de Inquérito tem provas de que o motoboy de Roberto Dias pagou ao menos quatro boletos para Dias. Os senadores também exibiram comprovantes de depósitos: de 31 de maio, no valor de R$ 6 mil, 22 de junho (R$ 6 mil) e 24 de junho (R$ 13,5 mil). 

Agora, a CPI fará diligências nas agências bancárias onde supostamente foram efetuados as operações pelo motoboy para entender a natureza dos pagamentos feitos para Dias.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que a VTCLog movimentou, de forma suspeita, R$ 117 milhões nos últimos dois anos. Desse total, o motoboy teria sido responsável por movimentar R$ 4,7 milhões a serviço da empresa.

Ivanildo prestaria depoimento à comissão nesta terça, mas recebeu um habeas corpus do ministro do STF Kassio Marques permitindo que ele não comparecesse. O relator Renan Calheiros (MDB-AM) ressaltou que as ações do motoqueiro não consistem em crime, já que ele “cumpria ordens”. Ele será reconvocado.

“Agora a CPI irá focar no depoimento de todas as pessoas da VTCLog. Todas, sem exceção. Nós iremos a fundo na VTCLog até a CPI concluir essa questão”, afirmou o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), após os senadores aprovarem as quebras de sigilos telefônicos, fiscal, bancário e telemático de nomes ligados à empresa.

Demitido do Ministério em 29 de junho, Roberto Dias está envolvido em duas suspeitas de irregularidades investigadas pela CPI da Pandemia. A primeira seria a pressão atípica sobre o servidor Luis Ricardo, irmão do deputado Luis Miranda (DEM-DF), para liberar a importação da Covaxin. A segunda é de que ele tenha pedido US$ 1 de propina por dose na compra de 400 milhões de vacinas da AstraZeneca por parte da pasta. A denúncia foi feita pelo PM de Minas Gerais, Luiz Dominghetti, que seria também vendedor de imunizantes e de produtos médicos. Dias nega as acusações,

Na investigação dos senadores da oposição, a VTCLog é suspeita de pagar uma espécie de “mensalinho” como propinas a políticos e servidores ligados ao Ministério da Saúde, entre eles, o líder do governo na Câmara Ricardo Barros (PP-PR). A companhia pagaria propina para garantir contrato de transporte de insumos para a saúde. 

Comissão aprova convocação da advogada da família Bolsonaro

O requerimento apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) prevê que a advogada conceda explicações sobre um jantar em sua residência. A suspeita é de que houve um encontro entre Marconny Faria e José Ricardo Santana, ex-secretário executivo da Anvisa e depoente que se revelou como uma espécie de “consultor informal” do Ministério da Saúde.

Marconny é apontado pela comissão como um "lobista" que tentaria privilegiar a Precisa Medicamentos, que havia intermediado a compra da vacina Covaxin, agora sob suspeita, junto à pasta. 

Na mesma sessão, os senadores também aprovaram a reconvocação do motoboy Ivanildo Gonçalves, ligado à VTCLog.

Em contrapartida, a CPI suspendeu o depoimento da presidente da VTCLog, Andréia Lima, agendado para esta segunda. A empresária disse aos integrantes da comissão que teria "compromissos inadiáveis" para se ausentar.

O depoimento de Andréia foi marcado no fim da noite da última segunda no lugar da oitiva do motoboy Ivanildo Gonçalves.

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