Artista que gravou a música "Batcu", com versos tocados durante coreografia de dança sensual em evento do Ministério da Saúde que ocorreu nesta quinta-feira (5), a drag queen Aretuza Lovi apresentou programa sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) financiado pela pasta no começo de sua carreira.
A apresentação que aconteceu no I Encontro de Mobilização da Promoção da Saúde no Brasil (Em Prosa), em Brasília, gerou críticas de políticos de oposição (assista abaixo). Em nota, o Ministério da Saúde lamentou o ocorrido e anunciou a criação de uma curadoria para organização de eventos oficiais.
Nome artístico do cantor, humorista e apresentador Bruno Tutida Nascimento, de 33 anos, Aretuza lançou a música "Batcu", com participação de Valeska Popozuda, em 2018.
Apesar da semelhança com trecho tocado durante coreografia no Em Prosa, a cantora apontou que a canção não é a mesma que foi gravada por ela.
Nas redes sociais, a artista também ressaltou que não tem ligação com o ocorrido.e que toma medidas para se defender judicialmente.
Primeiramente, a pessoa que está na performance não sou eu e a música não é minha! Estão sendo tomadas as devidas providências, assim como qualquer comentário recebido. A Justiça será acionada, escreveu após ser abordada por um seguidor em sua conta no Instagram.
Parceria do Ministério da Saúde com Aretuza
Em 2013, quando havia começado a atuar como drag queen, Aretuza apresentava o "Projeto Play - Diversão e Saúde", iniciativa de uma agência de comunicação de Goiás feita com o apoio do Ministério da Saúde durante primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
A iniciativa distribuia camisinhas e levava informações sobre ISTs e Aids para festas LGBTs. Além disso, eram produzidos vídeos para as redes sociais que falavam sobre prevenção de maneira próxima ao público-alvo (assista ao primeiro episódio abaixo).
O programa durou dois anos. Com três meses do lançamento, a Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério lançou um edital para apoiar projetos similares, que criassem ações comunitárias de prevenção e controle de doenças. O programa do governo pagava de R$100 mil a R$500 mil por projeto.
Críticas à dança sensual e resposta do Ministério da Saúde
- Promovido pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde, o Em Prosa contou com vários painéis sobre saúde para grupos minorizados nos três dias de evento, que foi de 4 a 6 de outubro.
- Nos intervalos, aconteceram apresentações artísticas de sete grupos diferentes.
- Na quinta-feira, foram realizadas palestras focadas à saúde LGBT.
- Um dos grupos fez uma performance conhecida como voguing, um estilo de dança que surgiu no ballroom, um movimento criado por pessoas negras e LGBTQIA+ na década de 1970 nos Estados Unidos.
- Na performance, enquanto um artista canta "Batcu", a dançarina levanta a minissaia e deixa a calcinha à mostra.
- Nas redes sociais, parlamentares da oposição, criticaram a apresentação.
- Ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse que o evento é um símbolo de “como a ideologia contaminou o governo do PT”.
- Já o deputado Deltan Dallagnol (recém-filiado ao Novo do Paraná) classificou o episódio como uma prova da “degradação moral do governo Lula”.
- Os deputados federais bolsonaristas Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Daniela Reinher (PL-SC) entraram com requerimento para o Ministério da Saúde detalhar os gastos com o evento.
- Em nota, a pasta lamentou pelo episódio, que classificou como “isolado”.
- O Ministério da Saúde apontou que a coreografia foi "inapropriada" e anunciou a criação de uma curadoria para organização de eventos oficiais.
"O Ministério da Saúde lamenta pelo episódio isolado, que não reflete a política da Secretaria e nem os propósitos do debate sobre a promoção à saúde realizados no encontro", disse o comunicado.