O empresário Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins”, teria pago propina a um funcionário da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) ao ser preso em agosto, no Rio de Janeiro. A informação é do jornalista do Grupo Bandeirantes Rodolfo Schneider.
Outros servidores teriam cobrado mais dinheiro do empresário, que teria se recusado a pagar. Como retaliação à suposta negativa, teria sido imputado a Glaidson a descoberta de peças de picanha e celulares no presídio em que ele estava, no Complexo de Gericinó.
O empresário chegou a ser transferido para Bangu 1, presídio de segurança máxima, na zona oeste do Rio, mas voltou à Cadeia Pública Joaquim Ferreira na última quinta (7) depois que a Justiça do RJ concluiu que ele não teve relação com o episódio.
A Band teve acesso ao depoimento do inspetor que realizou a fiscalização no presídio. No entanto, o agente não cita Glaidson.
Operação Kryptos
A 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro tornou réus o empresário Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria Bitcoin, e mais 16 pessoas. A denúncia apresentada pelo Ministério Público foi aceita pelo juiz Vitor Valpuesta. Eles irão responder pelos crimes contra o sistema financeiro nacional, gestão fraudulenta e organização criminosa.
A empresa teve R$ 38 bilhões bloqueados pela Justiça e deixou de pagar os rendimentos prometidos aos clientes. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) encaminhado à Polícia Federal aponta que, só nos últimos 12 meses, foram cerca de R$ 17 bilhões movimentados por Glaidson.
Glaidson ficou conhecido como o "Faraó dos Bitcoins", em referência a um esquema de pirâmide financeira, que também é investigado pela Polícia Civil do Rio. As promessas de retorno financeiro sobre o valor investido (10%) eram incompatíveis com a realidade. Por causa disso, a cidade de Cabo Frio, onde a empresa operava, ficou conhecida como "Novo Egito".
Ele era garçom e ganhava R$ 800 reais por mês até se tornar dono da GAS - a empresa de Cabo Frio entrou na mira da polícia depois que R$ 7 milhões foram apreendidos prestes a serem levados de helicóptero de Búzios (RJ) para São Paulo. A investigação foi desencadeada a partir daí, em maio.
Glaidson foi preso em 25 de agosto, na casa dele, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na deflagração da operação. Durante a busca, os agentes apreenderam quase R$ 14 milhões em espécie, guardadas em malas, além da maior apreensão de criptomoedas da história do Brasil: aproximadamente R$ 150 milhões em criptoativos. Os agentes apreenderam ainda 21 carros de luxo, relógios de alto padrão e joias.
Em nota, a GAS alega que possui sólidos argumentos jurídicos para refutar as acusações formuladas, aptos a evidenciar a absoluta licitude e regularidade de suas atividades.