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Guerra na Ucrânia: traumas impactam crianças

Estudos apontam que os traumas atrapalham o desenvolvimento e podem acompanhar os pequenos por toda a vida

Por Maiara Bastianello

Os impactos de uma guerra são traumatizantes para todas as pessoas que vivem esse tipo de situação, mas podem ser ainda piores para as crianças. Estudos apontam que os traumas atrapalham o desenvolvimento e podem acompanhar os pequenos por toda a vida.

“Enquanto estávamos no carro foguetes explodiram perto de nós. É muito perigoso. As crianças estão com medo de aviões. Se alguém na rua faz um barulho muito alto eles ficam apavorados”, disse a gerente de operações Iryna Kyrychenko. 

Em diversas cidades da Ucrânia, não tem mais escola. Algumas foram bombardeadas em ataques perto da capital Kiev e outras continuam em pé. Uma delas, se tornou um centro de treinamento de tiro. Perder o direito de estudar é apenas uma das violações que a guerra traz para as crianças.

Para os filhos de Lyara, mulher do jogador Maycon do Shakyar Donetski, faltou o básico. “Nossas águas, leite e fralda estavam acabando e meu filho perguntava: ‘Mamãe cadê a janta e o almoço? ’, O pouco que tinha dava para as crianças”, contou.  

Vídeo: “Momentos mais difícil foi ver meus filhos com fome”

Um levantamento da organização humanitária Save The Children mostrou que, no ano passado, mais de 450 milhões de crianças viviam em áreas de conflito pelo mundo. O maior número em 20 anos. Só na Ucrânia, quinhentas mil tiveram que deixar a vida para trás para fugir da violência, com marcas que vão ficar pela vida inteira.

“A ciência já demonstra que situações de violência geram um impacto no cérebro das crianças. Efeitos na saúde mental, de dificuldade em relacionamento e por outro lado essas pesquisas investigam como as pessoas lidaram com essas questões”, explica a psicóloga especialista em desenvolvimento infantil da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Elisa Rachel Pisani Altafim.

Já faz mais de uma década, mas ainda é difícil para o estudante de medicina Riad Al-Tinawi lembrar do que viveu aos 10 anos de idade, quando fugiu com a família da guerra da Síria sem mal conseguir se despedir da família.

“Não é fácil você deixar uma vida para trás. Eu era muito apegado à minha avó, tia, primos e amigos. Alguns sobraram, mas a maioria se foi. Realmente é muito triste porque amigos de infância você leva para o resto da vida. Infelizmente eu não vou ter isso”, contou. 

Além da dor, o conflito trouxe também a vontade de fazer um mundo diferente do que ele conheceu tão pequeno. “Estou na faculdade. Esse país eu devo tudo para ele. No futuro quando eu me formar médico eu vou fazer de tudo para ajudar o Brasil”, disse.

Vídeo: Premiê de Israel recebe crianças órfãs ucranianas

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