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Huck: Quem paga o preço do negacionismo na pandemia é o povo, que morre

Em conversa com José Luiz Datena, Luciano Huck diz que a incompetência na gestão sanitária é a responsável pela crise de emprego e renda no país

Da redação, com a Rádio Bandeirantes

O apresentador Luciano Huck afirmou nesta terça-feira (05) acreditar que o país já estaria saindo da crise socioeconômica causada pela pandemia da Covid-19 se o país não tivesse sido tão “incompetente na gestão dessa crise sanitária”. A declaração foi feita durante entrevista no Manhã Bandeirantes.

“A gente não planejou vacinação, não comprou vacina quando tinha que comprar. Quem paga o preço dessa narrativa negacionista agora é o povo mesmo, porque não dá para ir para a rua que morre [de Covid-19]. Morre o sogro, a sogra, o pai, a mãe, um amigo, um primo por causa do vírus”, disse o apresentador. 

No dia em que o país lamenta a morte de mais um grande talento levado pela pandemia, Jair Bolsonaro voltou a afirmar que pode editar um decreto contra restrições. Para Huck, a ameaça do presidente da República é uma “bravata”.

“Eu acho que é bravata. Não tenho a menor dúvida de que a proteção da economia ou dos empregos não é botar as pessoas na rua circulando e se infectando. Primeiramente, era você ter planejado a vacina. Nos países que conseguiram implementar programas de vacinação organizados a população tá praticamente imune. A vida tá voltando. E a gente não. A gente tá atolado e empacado porque foi muito incompetente na gestão dessa crise sanitária”. 

“Não sou médico, tento ouvir a ciência, que é o que temos de melhor. Não quero ouvir bravatas, e o que a ciência diz sobre o melhor jeito de mitigar o poder do vírus e controlar a pandemia é se proteger, ter menos contato com as pessoas, minimizar a chance de o vírus ser transmitido pelo ar”.

“Paulo Gustavo tinha pressa na vida”

Huck lembrou ainda a morte do colega Paulo Gustavo e os mais de 410 mil mortos desde o começo da pandemia no Brasil. “O Paulo era um cara que tinha pressa na vida, uma cabeça muito intensa, cheio de planos. Na semana do dia das mães, a gente ter a morte de um artista que teve a sua mãe como grande inspiração e foi o grande sucesso dele é super emblemático e muito triste", lamentou.

“Ontem foram mais de 3 mil mortes, sendo que uma delas é alguém muito, muito querida pela minha família. E aí você entende o que mais de 400 mil viveram. Parece mais um número, mas não é. São famílias que estão sofrendo. E pior do que isso, não não estão podendo enterrar as pessoas que amam, sem um velório decente e você viver essa passagem como ela tem que ser vivida. O Paulo Gustavo, por exemplo: os familiares, os amigos e os fãs não podem se despedir e têm que usar o Instagram para fazer uma postagem. É o máximo que pode ser feito, e isso é muito injusto”.

Política não é paixão

Apontado como possível nome de centro para a disputar a presidência da República, o apresentador acha que política não pode se misturar com paixão. Huck fez uma comparação com o futebol e o time de coração para explicar como entende que deveria ser essa relação.

“Meu Corinthians foi para a 2ª divisão e eu continuava corintiano. A relação que a gente tem da paixão pelo futebol não pode se conectar com a política. Política não é pra ter uma relação apaixonada. A política tem que ser uma relação de cliente e fornecedor. Alguém tá te oferecendo um serviço que pode melhorar a sua vida e se não der certo você troca o fornecedor. A gente precisa ter uma relação com a política não de morrer e matar, mas sim do que é melhor pra todos. Não é o que tá acontecendo”.

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