Os apagões que afetaram o funcionamento do Aeroporto Internacional do Galeão na noite de terça-feira (23) são mais sintomas do descaso e descuido com o local, que viu o movimento de turistas baixar desde a concessão em 2014.
A situação na terça foi só normalizada às 21h. A concessionária informou que investiga a causa das falhas. Mas a ocorrência foi apenas mais uma na lista de problemas que o Galeão vem sofrendo. O aeroporto, que tem capacidade de receber 37 milhões de passageiros por ano, viu o movimento baixar para menos de seis milhões em 2022.
“A estrutura está ruim, localização também, as lojas no local estão fechando”, cita o engenheiro Marcos Rocha. O terminal, concedido em 2014 para a Changi, quase teve a concessão devolvida, mas acabou recuando.
“Hoje em dia o Galeão trabalha com 16% da capacidade dele, porque não tem conectividade. O pessoal vem para o Rio e vai desembarcar e ir até o Santos Dumont pegar um outro voo de conexão…é difícil”, lamenta Ronaldo Jenkins, especialista em aviação.
O governo e a prefeitura do Rio de Janeiro tentam viabilizar junto ao governo federal um plano de retomada do terminal. “Um cálculo da Firjan já aponta que a gente está perdendo R$ 4,5 bilhões ao longo de 10 anos. A gente perde de quase R$ 50 bilhões, é muita coisa”, afirma Chicão Bulhões, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação.
Para o secretário, ainda há o “o impacto de perda de empregos”. “A gente calcula quase meio milhão de empregos perdidos ao longo de 10 anos só em razão do não funcionamento adequado do Galeão”, explica.
O Ministério de Portos e Aeroportos estendeu até 31 de maio o prazo para se posicionar sobre a permanência na administração do terminal.