Jornal da Band

Empresário é suspeito de fraudes judiciais

Ele está envolvido em mais de três mil ações e são tantas vítimas, que elas criaram até mesmo uma associação

Da Redação

Um empresário é suspeito de usar brechas na Justiça para aplicar golpes, fazer fortuna e frear processos movidos por suas vítimas. Ele está envolvido em mais de três mil ações e são tantas vítimas, que elas criaram até mesmo uma associação.

Viagens internacionais para vários países, jogos da Copa da Rússia no estádio, restaurantes e hotéis de luxo. Essa é a rotina do empresário Luiz Eduardo Auricchio Bottura.

Ter uma vida de luxo não é problema, a questão é que Eduardo Bottura é suspeito de fazer parte de um esquema que usa a estrutura do Judiciário e das cortes arbitrais para lesar milhares de pessoas.

No início dos anos 2000, Bottura fez fortuna dando golpes via internet. Suas empresas de comércio online lideraram o ranking de reclações no Procon. A partir de 2007, ele iniciou uma espécie de fábrica de processos, com mais de três mil ações, em que alega ter direito a mais de R$ 200 milhões. Para tornar as ações mais lentas, ele costuma processar juízes, promotores, peritos e testemunhas, o que acaba impedindo que eles continuem no julgamento.

"Você acaba tendo mais gastos, atolando o Judiciário com petições confusas, desconexas. Até onde isso vai?", questiona o advogado Ricardo Begalli.

A filha do empresário Adalberto Bueno Neto foi casada com Bottura. Na época, ele investiu em um empreendimento com o ex-genro. Hoje, diz que esse foi um dos maiores erros de sua vida.

"Tivemos que contratar segurança para toda a familia, recebemos ameaças, e começaram a perseguir a minha filha (...) que até hoje nao pode nem ter conta em banco por causa desse maluco", diz o empresário.

Maria Matuzenetz fazia tratamento psicológico com a mãe de Eduardo Bottura. Quando ficou viúva, ela foi convencida pela psicóloga a investir R$ 10 milhões no empresário. Hoje, ela vende mel para sobreviver, e ainda está sendo processada por Bottura.

"Ele levou para o Uruguai e abriu uma holding e aí nunca mais eu vi esse dinheiro (...) eu quero justiça porque não sou só eu. Neste momento ele deve estar fazendo uma nova vítima", afirma ela.

Em alguns casos, o empresário chegou a falsificar documentos e inquéritos. Mesmo tendo uma fortuna, ele costuma pedir - e muitas vezes conseguir - Justiça gratuita. São tantas ações, que foi criada uma associação das vítimas de Eduardo Bottura.

"Se entendeu a necessidade de haver uma união das pessoas que estavam sendo alvos dessa pessoa, para desenvolver uma estrategia de dentro dos processos judiciais, poder informar o que estava se passando", explica Cleinaldo Simões, presidente da Associação de Vítimas.

Eduardo Bottura não respondeu ao contato da reportagem.