Soldados de Cristo: crime organizado do Rio de Janeiro leva terror a religiosos

Traficantes expulsam pais e mães de santo de terreiros, além de proibirem procissões católicas

Vinícius Dônola

O crime organizado no Rio de Janeiro volta as armas para a fé dos moradores das periferias e comunidades da cidade. Os ‘soldados de Cristo’ expulsam pais e mães de santo de terreiros de religiões de matriz africana e chegam a proibir procissões católicas

Chamaram todo mundo em um espaço, todos bem armados e falaram que a partir daquele dia, não poderia mais tocar, utilizar branco, sequer acender uma vela em casa para algum orixá, conta uma testemunha anônima.. 

As forças policiais têm o desafio de proteger essas pessoas que sofrem com a intolerância religiosa. O Jornal da Band ouviu relatos de vítimas do Morro do Dendê e outras comunidades do Rio e região metropolitana da cidade. 

“Não é só o meu terreiro, todos da região foram expulsos e proibidos de praticar qualquer tipo de ato”, afirma uma vítima anônima. 

Até uma procissão católica foi interrompida por bandidos. “Em algumas paróquias do Rio e Baixada Fluminense, as procissões do Domingo de Ramos foram proibidas, não aconteceram por uma determinação dos traficantes”, conta uma testemunha. 

Ubiratan Ângelo, ex-comandante da PM-RJ reforça o perigo dos ‘soldados de Cristo'. “Eles não arriscam a vida pelo o que ganham, eles arriscam a vida pelo o que acreditam, é muito perigoso”, afirma. 

Mãe Carmem de Oxum, que teve itens religiosos quebrados, foi até orientada a deixar o país. “O que mais me doeu de tudo isso é que adentram no quarto do teu santo, do teu sagrado, que você zela por tanto tempo. Você passa por tudo isso e vê uma pessoa sem respeito”, lamenta. 

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