Líder mundial nos casos de hanseníase, Brasil sofre desabastecimento da medicação para tratamento

Líder mundial nos casos de hanseníase, Brasil sofre desabastecimento da medicação para tratamento

Da Redação, com Rádio Bandeirantes

Líder mundial nos casos de hanseníase, Brasil sofre desabastecimento da medicação para tratamento Unsplash
Líder mundial nos casos de hanseníase, Brasil sofre desabastecimento da medicação para tratamento
Unsplash

Os três remédios do coquetel para o tratamento da hanseníase estão em falta no SUS desde o 2º semestre do ano passado. As informações são da repórter Giovanna De Boer, da Rádio Bandeirantes, no Bora Brasil

A filha da dona Maria José, Uiara Soares Oliveira, conta que desde então os sintomas da mãe voltaram e estão cada vez piores. “Infelizmente há três meses ela está sem medicamento. Todo o tratamento que ela fez foi perdido. Ela voltou a sentir dores, ter coceiras e inflamação nos nervos”, explicou Uiara. A hanseníase é doença bacteriana que pode levar à morte. 

Além de inflamações da pele, outros sintomas são sensação de choque e fisgadas nas extremidades, caroços e inchaços no corpo, por exemplo.

Segundo o movimento nacional que representa os pacientes, mais de 18 estados sofrem com o desabastecimento das medicações.

Os três remédios do tratamento, chamado poliquimeoterapia, há 40 anos são doados pela Organização Mundial de Saúde para os países participantes do programa de combate à doença.

No entanto, no ano passado, problemas na produção na farmacêutica que fabrica os medicamentos, na Suíça, acabaram atrasando o envio do lote que seria destinado ao Brasil.

Situação crítica

A situação se tornou crítica a partir de agosto do ano passado, quando os estoques chegaram a zerar em São Paulo, Pernambuco e no Pará chegaram a zerar, afirma o presidente da Associação Brasileira de Hansenologia, Cláudio Salgado.

“Dezenove estados brasileiros têm problemas com a medicação. Não tem medicação para distribuir para os municípios. Três destes estados estão com o estoque zerado. É uma situação muito grave, pela qual muito de nós nunca passou. Essa crise relacionada ao tratamento é uma das mais graves que a hanseníase já passou nos tempos modernos”, disse. 

Medicação importada

O Brasil não produz remédios para hanseníase, dependendo exclusivamente da importação. Desde 2019, a OMS vem alertando governos que dependem do envio pela organização, incluído o Brasil, a respeito do risco de falta dos medicamentos.

Depois de chegar ao Brasil, o coquetel é distribuído pela rede pública, e não é vendido nas farmácias.

No passado, mais de 30 mil novos casos de hanseníase foram registrados no Brasil, o que coloca o país na liderança do ranking mundial pelo número de habitantes.

Falta de saneamento básico e condições precárias de habitação então entre os fatores que facilitam a contaminação.

Mais de 40 mil brasileiros estão em tratamento da doença, segundo o Ministério da Saúde – número que só não é maior porque 90% é imune à doença por fatores genéticos.

Sobre a falta dos remédios para o tratamento, o Ministério da Saúde informou à Rádio Bandeirantes que o envio pela OMS estava previsto para outubro de 2020 e que, por enquanto, não há data prevista para a chegada.

Mais notícias

Carregar mais