Primeiro médico a chegar ao local do acidente do avião que transportava a cantora Marília Mendonça, Kleyton Carvalho descreveu a operação de resgate uma das mais difíceis de sua carreira. Apesar de a aeronave parecer “preservada” para quem a via de fora, ele destacou que o cenário era muito difícil para que as vítimas escapassem da tragédia com vida.
“Pelo que estava dentro da aeronave, pela situação que eu me deparei dentro da aeronave, é quase impossível estar [as vítimas] com vida. A aeronave estava bastante danificada, bastante quebrada, tinha pertences, malas sobre as vítimas”, descreveu o diretor técnico do Samu em entrevista ao BandNews TV.
Kleyton ainda disse que não era possível dizer se todas as vítimas usavam cintos, por conta do forte impacto da queda do avião na parte interna e descreveu o cenário encontrado como “assustador”.
“Quando cheguei ao local, é um local de muito difícil acesso, uma coisa que chamava bastante atenção também era a quantidade de combustível. Era muito combustível no local e sem contar também que não sabíamos se a aeronave ia cair ou não sobre a cachoeira, né? É um dos atendimentos, se não for atendimento mais complicado que realizei até hoje”, disse.
Ao entrar na aeronave, ele disse ter visto o produtor Henrique Bahia caído ao chão e Marília próxima à poltrona, com vários objetos pessoas das vítimas espalhados pelo chão. Ele acredita que a causa das mortes dos cinco passageiros foi politraumatismo, por conta do impacto. As mortes foram atestadas ainda dentro aeronave, mas Kleyton destacou que a equipe tomou todos os cuidados para que a informação não vazasse, para que os familiares de todos fossem notificados antes e também para evitar uma exposição maior.
“Prontamente, já verifiquei todos os sinais vitais para ver se contava com vida, que essa era a nossa esperança, né? Era só isso que nós queríamos naquele momento. Mas assim: provavelmente a causa da morte realmente foi politraumatismo, não se sabe como que foi e o que causou. Acho que só a perícia e a investigação vão nos detalhar e vai explicar a causa da do acidente”, explicou.
O profissional do Samu disse que foi ao resgate da aeronave sem saber que ela transportava a cantora sertaneja e que era fã do trabalho de Marília.
“Quando eu entrei na aeronave, é muito difícil, muito complicado. Não só por ser pessoas conhecidas, mas são vidas, né? Ceifadas pelo acidente. E eu sou um fã incondicional também da Marília, sabe? Aí foi onde que eu me deparei que era realmente o avião da Marília Mendonça, e isso assim para nós foi um grande choque”, relembrou.
Destroços do avião serão analisados no RJ
Devem chegar nesta terça-feira (9), ao Rio de Janeiro os destroços do avião que caiu com a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, em Minas Gerais.
Ao longo da semana, as peças vão ser encaminhadas para a sede do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos para perícia. De acordo com a Força Aérea Brasileira, o serviço vai ser realizado em coordenação com o operador da aeronave.
Ainda segundo a FAB, não existe previsão para a atividade ocorrer, já que depende da complexidade da ocorrência. As investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos têm como objetivo prevenir que novos acidentes semelhantes ocorram.
Entenda o acidente
A cantora sertaneja Marília Mendonça morreu na última sexta-feira (5) aos 26 anos. A artista foi resgatada sem vida após um acidente de avião em Piedade de Caratinga, no interior de Minas Gerais. A aeronave, que levava a artista e mais quatro passageiros, caiu por volta das 15h20 em um curso d'água. O avião decolou de Goiânia (GO) com destino a Caratinga (MG), onde Marilia teria uma apresentação na noite da última sexta.
A aeronave é um bimotor Beech Aircraft, da PEC Táxi Aéreo, de Goiás, prefixo PT-ONJ, e tinha capacidade para seis passageiros. Segundo o sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a situação de aeronavegabilidade do avião estava normal e a operação era permitida para taxi aéreo. Existe a suspeita que a aeronave tenha se chocado com um cabo de transmissão de energia da Cemig.
Relembre a carreira de Marilia Mendonça
Marilia Dias Mendonça nasceu no dia 22 de julho de 1995 em Cristianópolis, em Goiás. A artista começou a carreira musical ainda na infância, aos 12 anos de idade, como compositora — ela assina letras de sertanejos como Wesley Safadão, Jorge & Mateus e Matheus & Kauan.
Em 2016, lançou seu primeiro álbum, "Marilia Mendonça: Ao Vivo", gravado em São Paulo (SP). O disco conta com músicas como "Infiel" e "Alô Porteiro", que consagraram Marilia como "rainha da sofrência". "Supera", "Todo Mundo Vai Sofrer", "Graveto" e "De Quem É A Culpa?" são alguns dos hits da cantora.
A cantora ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Sertaneja em 2019 com o disco "Todos os Cantos", projeto musical marcado por apresentações da artista em todas as capitais do país e que foi registrado em documentário pela plataforma de streaming Globoplay.
Vida pessoal
Marilia Mendonça deu à luz a Leo, seu único filho, no dia 16 de dezembro de 2019. O menino é fruto da relação com o cantor sertanejo Murilo Huff. Eles começaram a namorar em 2017; o relacionamento, marcado por "idas e vindas", chegou ao fim em setembro deste ano.