Em meio a vielas estreitas e telhados de zinco funciona um dos maiores mercados a céu aberto do continente africano, localizado em Addis Ababa, capital da Etiópia. E neste mercado livre é comercializado café vindos de diversas regiões do país, mas sempre café verde.
Há uma tradição etíope milenar de torrar o café em casa, em um ritual que é como uma “cerimônia do café”. Diz a lenda que em um vilarejo próximo à Addis Ababa, foi o local onde o grão do café foi descoberto, há mais de mil anos. Desde então, café e Etiópia se tornaram sinônimos.
“As pessoas aqui precisam de café como precisam de comida”, comentou Desani Balai, gerente de uma cafeteria em entrevista para o Jornal da Band. Balai gerencia a cafeteria mais antiga da capital, servindo centenas de cafezinhos por dia, em balcões sem lugares para sentar, devido a alta rotatividade do espaço. E ali é apenas servido café de origem etíope.
Além de tradição, o café também é um pilar da economia da Etiópia, que é o 5º maior produtor do mundo, em um mercado que é liderado, com folga, pelo Brasil. Mais de 60% das exportações da Etiópia corresponde ao café e 10% da população etíope trabalha direta ou indiretamente com a indústria cafeeira.
Em uma fábrica visitada pelo repórter Yan Boechat, a tradição milenar do café se une à modernidade O café produzido em diferentes fazendas do país, chega à indústria verde e passa por um minucioso processo de controle de qualidade.
Marian Gabreise, gerente de controle de qualidade da produção, explica que há uma separação artesanal dos grãos que não foram tostados perfeitamente. “Isso é importante porque depois de moídos, os grãos imperfeitos afetam o sabor do café.” Quase tudo que é produzido é enviado para fora do país, até porque os etíopes costumam torrar o próprio café em casa.