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Motoboy da VTCLog relata saque de R$ 400 mil e idas ao Ministério da Saúde

Ivanildo Gonçalves prestava serviços para empresa com contratos sob suspeita com o Ministério da Saúde

Da Redação, com BandNews TV

A CPI da Pandemia ouve nesta quarta-feira (1) o motoboy Ivanildo Gonçalves, que trabalhava para a empresa VTCLog. Em seu depoimento, ele disse que já sacou “R$ 400 e poucos mil” na "boca do caixa" para pagar boletos a pedido do setor da empresa, mas negou conhecer a origem e os destinatários dos valores.

Ivanildo disse ainda que ia "constantemente" ao Ministério da Saúde e levou um pen drive ao quarto andar do Ministério da Saúde - setor do Departamento de Logística, então sob o comando de Roberto Dias. Os senadores investigam se Ivanildo fazia movimentações financeiras a favor do ex-diretor da Saúde, suspeito de pedir propina para a aquisição da vacina Covaxin.

O motoboy passou a ser foco da CPI depois que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que a VTCLog movimentou, de forma suspeita, R$ 117 milhões nos últimos dois anos. Desse total, o motoboy teria sido responsável por movimentar R$ 4,7 milhões a serviço da empresa - 5% do valor.

Na sessão da última terça (31), os senadores da CPI exibiram imagens das câmeras de segurança de uma agência bancária que mostravam Ivanildo no local no horário em que foram pagos boletos para Roberto Dias.

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que o motoboy pagou ao menos quatro boletos para Dias. Os senadores também exibiram comprovantes de depósitos: de 31 de maio, no valor de R$ 6 mil, 22 de junho (R$ 6 mil) e 24 de junho (R$ 13,5 mil). 

Ele atua pela empresa desde 2009, mas disse que começou a prestar serviços financeiros por volta de 2018.

Depois, a CPI aprovou requerimentos de busca e apreensão do celular do motoboy e da quebra do seu sigilo integral. 

Demitido do Ministério em 29 de junho, Dias está envolvido em duas suspeitas de irregularidades investigadas pela CPI. A primeira seria a pressão atípica sobre o servidor Luis Ricardo, irmão do deputado Luis Miranda (DEM-DF), para liberar a importação da Covaxin. A segunda é de que ele tenha pedido US$ 1 de propina por dose na compra de 400 milhões de vacinas da AstraZeneca por parte da pasta. A denúncia foi feita pelo PM de Minas Gerais, Luiz Dominghetti, que seria também vendedor de imunizantes e de produtos médicos. Dias nega as acusações.

Na investigação dos senadores da oposição, a VTCLog é suspeita de pagar uma espécie de “mensalinho” como propinas a políticos e servidores ligados ao Ministério da Saúde, entre eles, o líder do governo na Câmara Ricardo Barros (PP-PR). A companhia pagaria propina para garantir contrato de transporte de insumos para a saúde. 

Ivanildo acabou ouvido no lugar do sócio oculto do FIB Bank, Marcos Tolentino, que ofereceu garantia no contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra da Covaxin, cujo depoimento estava previsto para esta quarta. Ele alegou que estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após sentir um mal-estar.

Onyx, Osmar Terra, dono da Havan e mais cinco passam à condição de investigados pela CPI

O relator Renan Calheiros disse que Onyx Lorenzoni, atual ministro da Cidadania, o deputado Osmar Terra (MDB-RS) e o empresário Luciano Hang estão entra os nove novos condicionados à posição de investigados pela CPI da Pandemia.

Renan não detalhou os motivos para as inclusões, mas são pessoas apontadas em algum ponto da negociação para a aquisição da Covaxin ou acusados de fazer parte do chamado “gabinete paralelo” do Ministério da Saúde, que aconselharia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre ações no Brasil durante a pandemia. Veja a lista completa abaixo:

  • Cristiano Carvalho, que se apresenta como representante de vendas no Brasil da empresa americana Davati
  • Emanuella Medrades, diretora da Precisa Medicamentos
  • Hélcio Bruno de Almeida, tenente-coronel que teria intermediado encontro entre o secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco, e negociantes de vacinas;
  • Luciano Hang, empresário e acusado de pertencer ao chamado "gabinete paralelo" que aconselha o presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia
  • Luiz Paulo Dominghetti Pereira, cabo da Polícia Militar que negociou a venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca dizendo representar a empresa americana Davati
  • Marcelo Bento Pires, coronel e ex-assessor do Ministério da Saúde acusado de processar pela compra da vacina indiana Covaxin
  • Regina Célia Silva Oliveira, servidora do Ministério da Saúde citada como responsável por fiscalizar a importação da Covaxin
  • Onyx Lorenzoni, ministro da Cidadania
  • Osmar Terra, deputado federal (MDB-RS), também acusado de integrar o "gabinete paralelo"

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